São Paulo, sexta-feira, 19 de novembro de 2010

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Deficit em manufaturados é recorde

Fiesp diz que importações devem produzir rombo de US$ 60 bi e pede "vacina tríplice" contra desindustrialização

Entidade quer mudança no câmbio, redução de tributos para logística e devolução dos créditos para os exportadores

AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO

A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) pediu ontem à presidente eleita, Dilma Rousseff, uma "vacina tríplice" para estancar o processo de desindustrialização no país.
Os "componentes" da vacina são: medidas cambiais para elevar o risco do capital especulativo e conter a valorização do real; criação de mecanismo para devolução em até um ano dos créditos tributários aos exportadores; e redução imediata da tributação sobre investimentos em infraestrutura logística.
Segundo Roberto Giannetti da Fonseca, diretor-titular do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp, as importações devem produzir um rombo de US$ 60 bilhões na balança comercial da indústria manufatureira em 2010, um recorde.
Até setembro, o deficit comercial em manufaturados chegou a US$ 51,9 bilhões, com importações de US$ 109,2 bilhões e exportações de US$ 57,4 bilhões.
"A situação é caótica. [O governo] pinta de azul algo que é vermelho. Se nada for feito, o deficit em 2011 vai chegar a US$ 80 bilhões", afirma Giannetti.
O levantamento feito pela Fiesp sobre os coeficientes de importação e de exportação no terceiro trimestre deste ano assustou. O coeficiente de importação -cálculo que avalia o peso das importações sobre o consumo aparente no país- alcançou a marca recorde de 22,7%.
O dado revela que quase um quarto do consumo de bens manufaturados é produzido fora do país. No segundo trimestre de 2009, o coeficiente de importação era de 16,9%. "Isso significa que a importação atendeu o crescimento no Brasil, não a indústria local", afirma.
O coeficiente de exportação também cresceu no trimestre, mas em ritmo menor. Em 2010, 32 anos depois, a exportação de produtos básicos vai superar a de produtos manufaturados.
Números da Fiesp indicam que os produtos básicos responderão por 47% da pauta de exportações, enquanto os manufaturados serão 38%. Giannetti diz que situação é igual aos anos 30, quando o país dependia do café. Agora, diz, será da "soja, cana e minério".


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