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Deficit em manufaturados é recorde
Fiesp diz que importações devem produzir rombo de US$ 60 bi e pede "vacina tríplice" contra desindustrialização
Entidade quer mudança no câmbio, redução de tributos para logística e devolução dos créditos para os exportadores
AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO
A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São
Paulo) pediu ontem à presidente eleita, Dilma Rousseff,
uma "vacina tríplice" para
estancar o processo de desindustrialização no país.
Os "componentes" da vacina são: medidas cambiais
para elevar o risco do capital
especulativo e conter a valorização do real; criação de
mecanismo para devolução
em até um ano dos créditos
tributários aos exportadores;
e redução imediata da tributação sobre investimentos
em infraestrutura logística.
Segundo Roberto Giannetti da Fonseca, diretor-titular
do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp, as importações devem produzir
um rombo de US$ 60 bilhões
na balança comercial da indústria manufatureira em
2010, um recorde.
Até setembro, o deficit comercial em manufaturados
chegou a US$ 51,9 bilhões,
com importações de
US$ 109,2 bilhões e exportações de US$ 57,4 bilhões.
"A situação é caótica. [O
governo] pinta de azul algo
que é vermelho. Se nada for
feito, o deficit em 2011 vai
chegar a US$ 80 bilhões",
afirma Giannetti.
O levantamento feito pela
Fiesp sobre os coeficientes de
importação e de exportação
no terceiro trimestre deste
ano assustou. O coeficiente
de importação -cálculo que
avalia o peso das importações sobre o consumo aparente no país- alcançou a
marca recorde de 22,7%.
O dado revela que quase
um quarto do consumo de
bens manufaturados é produzido fora do país. No segundo trimestre de 2009, o
coeficiente de importação
era de 16,9%. "Isso significa
que a importação atendeu o
crescimento no Brasil, não a
indústria local", afirma.
O coeficiente de exportação também cresceu no trimestre, mas em ritmo menor.
Em 2010, 32 anos depois, a
exportação de produtos básicos vai superar a de produtos
manufaturados.
Números da Fiesp indicam
que os produtos básicos responderão por 47% da pauta
de exportações, enquanto os
manufaturados serão 38%.
Giannetti diz que situação é
igual aos anos 30, quando o
país dependia do café. Agora, diz, será da "soja, cana e
minério".
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