São Paulo, sábado, 20 de agosto de 2011

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ANÁLISE

Companhias devem se preparar para cenário de mais restrição

EDUARDO COUTINHO
ESPECIAL PARA A FOLHA

As empresas brasileiras apresentaram redução em seus resultados operacionais no segundo trimestre do ano.
Essa situação é explicada pelo cenário de inflação próxima ao teto da meta de 6,5% ao ano, ou até mesmo acima dela desde dezembro de 2010.
Isso se reflete no custo de insumos, de serviços contratados e de mão de obra. Além disso, o mercado doméstico tem estado sob forte concorrência de importados devido à valorização do real, dificultando o repasse dos custos.
A pergunta que fica é se nos próximos meses essa situação tende a se agravar.
Internamente ainda há indícios de que a inflação não está totalmente sob controle, devido ao aquecimento do mercado interno e aos preços das commodities.
Tal aspecto poderá produzir novas rodadas de elevação na taxa básica de juros, o que irá reduzir ainda mais o crescimento da economia.
O cenário externo, por seu turno, mostra que os respingos da "marolinha" iniciada no segundo semestre de 2008 ainda assombram. As Bolsas mundiais apresentam elevada volatilidade como resultado de uma potencial recessão nos EUA e na Europa.
Recessão significa mercados no exterior em retração e crescimento menor do mercado doméstico -e, consequentemente, empresas com menores fluxos de caixa e menor valor de mercado.
Se concretizado, esse cenário representa nova onda de retração nos resultados das empresas, porém pelo lado da receita, e não do custo.
Ante redução da demanda agregada global haverá menor espaço para elevação de preços, pressionando menos os custos das empresas.
Porém, um mercado desaquecido inviabiliza elevação de preços que pudessem inflar o resultado operacional. Sendo assim, menores vendas resultarão, de forma quase inevitável, em menores receitas.
Do ponto de vista da gestão, as empresas têm de se preparar para maiores restrições, controlando seus custos e visando uma maior eficiência operacional.

EDUARDO COUTINHO é doutor em administração e coordenador do curso de administração do Ibmec.


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