São Paulo, quarta-feira, 20 de outubro de 2010

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ANÁLISE

Ação pode acalmar mercado chinês, mas incendiar externo

DO "FINANCIAL TIMES"

A China por fim decidiu recorrer ao armamento pesado. Os três aumentos nas reservas compulsórias de capital bancário decretados do começo do ano para cá tiveram poucos efeitos evidentes sobre os preços: a taxa de inflação em agosto foi de 3,5%, a mais alta em 22 meses. Agora, a China decidiu usar armas mais poderosas. Pela primeira vez desde 2007, o banco central chinês elevou em 0,25% suas taxas de juros de referência, para empréstimos e depósitos com prazo de um ano, a respectivamente 5,56% e 2,5%.
Já não era sem tempo. Os bancos estão emprestando mais que o esperado, e o financiamento ajudou a forçar uma alta nos preços de ativos, especialmente imóveis. Ao mesmo tempo, os juros mais altos sobre os depósitos podem convencer os poupadores a confiar menos nas contas-correntes de acesso instantâneo, cujos fundos são empregados para investimento mais especulativo. Os depósitos nessas contas subiram em 39% entre janeiro de 2009 e setembro deste ano, quase o dobro do ritmo de crescimento para os depósitos a prazo, investidos de maneira mais sóbria.
Outra forma de combater a inflação é por meio da valorização cambial, mas Pequim costuma evitar o uso simultâneo de instrumentos diferentes, para suas medidas de aperto monetário. A maioria dos participantes do mercado, porém, considera que a valorização do yuan -2,6% nominais diante do dólar do final de junho até agora- seja inadequada. O ritmo de alta que o mercado futuro de Hong Kong indica está próximo de sua marca mais alta em dois anos, enquanto o ágio entre o yuan no mercado externo e o no mercado interno da China jamais foi tão alto. Se o armamento mais pesado significa que a taxa de câmbio não mudará por enquanto, a China talvez acalme os ânimos em seu mercado, mas os incendeie no exterior.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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