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Bernanke defende medidas e critica China
Presidente do Fed diz que desvalorização cambial prejudica avanço global sustentável
DE SÃO PAULO
Criticado nos fronts interno e externo pelo pacote de
US$ 600 bilhões, o presidente do Fed (o BC dos EUA), Ben
Bernanke, fez um dos seus
discursos mais duros, em
que disse que a China e outros países emergentes estão
provocando desequilíbrios
globais ao manterem suas
moedas desvalorizadas.
Segundo ele, a "estratégia
de desvalorização cambial"
está impedindo um crescimento global mais "sustentável e balanceado". Sem citar nominalmente a China, o
dirigente disse que a desvalorização cambial por países
que mantêm superavit está
impedindo ajustes internacionais e criando problemas
para outros países.
A China é criticada já há
vários anos por manter a sua
moeda, o yuan, desvalorizado, o que facilita as exportações das suas empresas.
Para Bernanke, essa ação,
que não é só usada pela China, pode trazer benefícios de
curto prazo para esses países, beneficiando o setor exportador, mas no longo prazo as vantagens diminuem.
A ideia é que as nações desenvolvidas, que ainda tentam recuperar suas economias, com a perda de competitividade do setor externo,
têm a retomada afetada e,
portanto, vão consumir menos dos emergentes.
O presidente do Fed afirma
que o cenário atual, de "duas
velocidades de crescimento"
(veloz para os emergentes,
lenta para os ricos), pode
acabar caindo em uma situação em que a expansão vai
ser fraca para todos, caso a
retomada das economias
avançadas fracasse.
BRASIL
Para ele, os países emergentes que têm câmbio flexível, caso do Brasil, acabam
assumindo a maior parte do
"fardo", tendo, por exemplo,
que fazer ajustes para tentar
ajudar seu setor exportador,
já que suas moedas estão se
valorizando rapidamente.
"As economias emergentes que, em grande parte, deixaram as forças de mercado
determinar suas taxas de
câmbio, viram sua competitividade reduzida em relação à
das economias emergentes
que intervêm mais agressivamente", disse Bernanke, em
evento em Frankfurt.
Gráfico apresentado pelo
presidente do Fed mostra
que o Brasil é um dos países
que tiveram maior valorização cambial de setembro de
2009 até o mesmo mês deste
ano, ao mesmo tempo em
que foi um dos que menos
elevaram suas reservas estrangeiras em relação ao PIB.
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