São Paulo, sábado, 20 de novembro de 2010

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Bernanke defende medidas e critica China

Presidente do Fed diz que desvalorização cambial prejudica avanço global sustentável

DE SÃO PAULO

Criticado nos fronts interno e externo pelo pacote de US$ 600 bilhões, o presidente do Fed (o BC dos EUA), Ben Bernanke, fez um dos seus discursos mais duros, em que disse que a China e outros países emergentes estão provocando desequilíbrios globais ao manterem suas moedas desvalorizadas.
Segundo ele, a "estratégia de desvalorização cambial" está impedindo um crescimento global mais "sustentável e balanceado". Sem citar nominalmente a China, o dirigente disse que a desvalorização cambial por países que mantêm superavit está impedindo ajustes internacionais e criando problemas para outros países.
A China é criticada já há vários anos por manter a sua moeda, o yuan, desvalorizado, o que facilita as exportações das suas empresas.
Para Bernanke, essa ação, que não é só usada pela China, pode trazer benefícios de curto prazo para esses países, beneficiando o setor exportador, mas no longo prazo as vantagens diminuem.
A ideia é que as nações desenvolvidas, que ainda tentam recuperar suas economias, com a perda de competitividade do setor externo, têm a retomada afetada e, portanto, vão consumir menos dos emergentes.
O presidente do Fed afirma que o cenário atual, de "duas velocidades de crescimento" (veloz para os emergentes, lenta para os ricos), pode acabar caindo em uma situação em que a expansão vai ser fraca para todos, caso a retomada das economias avançadas fracasse.

BRASIL
Para ele, os países emergentes que têm câmbio flexível, caso do Brasil, acabam assumindo a maior parte do "fardo", tendo, por exemplo, que fazer ajustes para tentar ajudar seu setor exportador, já que suas moedas estão se valorizando rapidamente.
"As economias emergentes que, em grande parte, deixaram as forças de mercado determinar suas taxas de câmbio, viram sua competitividade reduzida em relação à das economias emergentes que intervêm mais agressivamente", disse Bernanke, em evento em Frankfurt.
Gráfico apresentado pelo presidente do Fed mostra que o Brasil é um dos países que tiveram maior valorização cambial de setembro de 2009 até o mesmo mês deste ano, ao mesmo tempo em que foi um dos que menos elevaram suas reservas estrangeiras em relação ao PIB.


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