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Grandes do videogame buscam mais participação no Brasil
Ano teve estreia da Sony, traduções para o português com sotaque local e multiplicação de vendas no varejo
ERNANE GUIMARÃES NETO
DE SÃO PAULO
Na equação dos executivos estrangeiros dos jogos
eletrônicos, a demanda parece ter enfim vencido o desestímulo da tributação e do comércio ilegal no Brasil.
Afinal, se a potência emergente representa cerca de 3%
do PIB mundial e fatura um
milésimo do mercado legal
de videogames (aproximadamente US$ 50 milhões dos
US$ 50 bilhões em aparelhos
e software vendidos, segundo as estimativas do setor para o ano), há razão para falar
em potencial de crescimento.
Fatos como a estreia oficial
da Sony no mercado de consoles brasileiro neste ano e
eventos promocionais -como o lançamento local do Kinect, da Microsoft, nesta semana- confirmam a mudança de abordagem.
"No último ano e meio, o
Brasil está no foco de todas
as grandes empresas", diz à
Folha Erik Bladinieres, diretor para a América Latina da
desenvolvedora Konami.
Mesmo com a alta carga
tributária (alíquotas de IPI e
ICMS maiores que as de TV
ou DVD, por exemplo), as
vendas dispararam. "Nos últimos dois anos, temos triplicado anualmente o volume
de games importados", declara Claudio Macedo, da
distribuidora NC Games.
MODELO MEXICANO
O México é o exemplo recorrente para os profissionais do ramo; estima-se que
o mercado fature cerca de
US$ 600 milhões neste ano.
"O Brasil tem 250 mil unidades do Microsoft Xbox
360, importados oficialmente e ilegalmente. O México
tem 1 milhão. Se tivéssemos
os mesmos preços, teríamos
aqui 2 milhões", estima Bertrand Chaverot, executivo da
desenvolvedora Ubisoft.
Essas empresas participam do Brasil Game Show,
no Rio de Janeiro, onde expõem lançamentos para o
público consumidor. A feira brasileira, antiga Rio Game Show,
pretende atrair 20 mil pessoas e invoca o título de
"maior feira de games da
América do Sul".
O maior evento do gênero
na América Latina ainda é o
Electronic Game Show, no
México, que neste ano teve 35
mil visitantes.
"O nível de amadurecimento do mercado brasileiro
é de 20% a 30%", pondera o
mexicano Bladinieres, da Konami.
No faturamento da empresa, responsável pela série
"Pro Evolution Soccer" (jogo
de futebol também conhecido como "Winning Eleven"),
o Brasil deve assumir neste
ano a liderança no mercado
latino-americano, finalmente ultrapassando o México.
"Creio que sejamos a primeira empresa a passar por
isso, por causa do "Pro Evolution Soccer'", diz o executivo, indicando que a concorrência também espera que o
Brasil ultrapasse as vendas
do México em pouco tempo.
LOCALIZAÇÃO
A série de futebol -que já
vendeu cerca de 300 mil unidades no país, segundo Bladinieres- rendeu popularidade especial com a edição
2011, que traz vozes de Silvio
Luiz e Mauro Beting e licenciamento da marca Libertadores da América.
Outros produtos estão sendo lançados na variante brasileira do idioma luso, como
"StarCraft 2", jogo de estratégia da Blizzard, ou "Killzone
3", aposta de tiro para o controle Move do PlayStation 3.
Por outro lado, Chaverot,
da Ubisoft, diz que, mesmo
esperando um crescimento
de 50% no Brasil em 2010,
não considera a tradução financeiramente viável.
A Nintendo investe no país
com um pé atrás: não participa oficialmente da feira, não
revelou à reportagem seus
planos no Brasil, mas promove eventos como o lançamento de um jogo da série "Donkey Kong" no Zoológico de
São Paulo, amanhã.
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