São Paulo, sábado, 20 de novembro de 2010

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Grandes do videogame buscam mais participação no Brasil

Ano teve estreia da Sony, traduções para o português com sotaque local e multiplicação de vendas no varejo

ERNANE GUIMARÃES NETO
DE SÃO PAULO

Na equação dos executivos estrangeiros dos jogos eletrônicos, a demanda parece ter enfim vencido o desestímulo da tributação e do comércio ilegal no Brasil.
Afinal, se a potência emergente representa cerca de 3% do PIB mundial e fatura um milésimo do mercado legal de videogames (aproximadamente US$ 50 milhões dos US$ 50 bilhões em aparelhos e software vendidos, segundo as estimativas do setor para o ano), há razão para falar em potencial de crescimento.
Fatos como a estreia oficial da Sony no mercado de consoles brasileiro neste ano e eventos promocionais -como o lançamento local do Kinect, da Microsoft, nesta semana- confirmam a mudança de abordagem.
"No último ano e meio, o Brasil está no foco de todas as grandes empresas", diz à Folha Erik Bladinieres, diretor para a América Latina da desenvolvedora Konami.
Mesmo com a alta carga tributária (alíquotas de IPI e ICMS maiores que as de TV ou DVD, por exemplo), as vendas dispararam. "Nos últimos dois anos, temos triplicado anualmente o volume de games importados", declara Claudio Macedo, da distribuidora NC Games.

MODELO MEXICANO
O México é o exemplo recorrente para os profissionais do ramo; estima-se que o mercado fature cerca de US$ 600 milhões neste ano.
"O Brasil tem 250 mil unidades do Microsoft Xbox 360, importados oficialmente e ilegalmente. O México tem 1 milhão. Se tivéssemos os mesmos preços, teríamos aqui 2 milhões", estima Bertrand Chaverot, executivo da desenvolvedora Ubisoft.
Essas empresas participam do Brasil Game Show, no Rio de Janeiro, onde expõem lançamentos para o público consumidor. A feira brasileira, antiga Rio Game Show, pretende atrair 20 mil pessoas e invoca o título de "maior feira de games da América do Sul".
O maior evento do gênero na América Latina ainda é o Electronic Game Show, no México, que neste ano teve 35 mil visitantes.
"O nível de amadurecimento do mercado brasileiro é de 20% a 30%", pondera o mexicano Bladinieres, da Konami.
No faturamento da empresa, responsável pela série "Pro Evolution Soccer" (jogo de futebol também conhecido como "Winning Eleven"), o Brasil deve assumir neste ano a liderança no mercado latino-americano, finalmente ultrapassando o México.
"Creio que sejamos a primeira empresa a passar por isso, por causa do "Pro Evolution Soccer'", diz o executivo, indicando que a concorrência também espera que o Brasil ultrapasse as vendas do México em pouco tempo.

LOCALIZAÇÃO
A série de futebol -que já vendeu cerca de 300 mil unidades no país, segundo Bladinieres- rendeu popularidade especial com a edição 2011, que traz vozes de Silvio Luiz e Mauro Beting e licenciamento da marca Libertadores da América.
Outros produtos estão sendo lançados na variante brasileira do idioma luso, como "StarCraft 2", jogo de estratégia da Blizzard, ou "Killzone 3", aposta de tiro para o controle Move do PlayStation 3.
Por outro lado, Chaverot, da Ubisoft, diz que, mesmo esperando um crescimento de 50% no Brasil em 2010, não considera a tradução financeiramente viável.
A Nintendo investe no país com um pé atrás: não participa oficialmente da feira, não revelou à reportagem seus planos no Brasil, mas promove eventos como o lançamento de um jogo da série "Donkey Kong" no Zoológico de São Paulo, amanhã.


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