São Paulo, segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

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Euro não decola nas casas de câmbio


Custo da transação e comodidade fazem turistas brasileiros preferirem levar dólar a euro para viagens à Europa

Para trocar real por euro, turista tem de passar pelo dólar, encarecendo operação cambial no país

TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO

Quase nove anos depois de entrar em circulação em 16 países europeus, o euro ainda não decolou na preferência dos turistas brasileiros que vão para a Europa.
O motivo vai desde a dificuldade de encontrar a moeda até obter uma boa cotação ou conseguir vendê-la facilmente após a viagem.
Apesar de altos e baixos nas últimas semanas por causa da crise da dívida dos Pigs (Portugal, Itália, Grécia e Espanha), o euro tem variado menos em relação ao real do que o dólar, que perde valor diariamente frente às principais moedas e commodities do mundo.
Neste ano, o euro recuou 10,27% (3,9% só nos últimos 30 dias) e o dólar caiu 0,78% até sexta em relação ao real. No ano passado, a moeda europeia perdeu 22% enquanto o dólar caiu 26%.
Quem compra a moeda europeia no Brasil em pequenos volumes acaba fazendo duas conversões sucessivas: de real para dólar e depois de dólar para euro.
A dupla operação cambial, que também ocorre no cartão de crédito, costuma ficar mais cara do que se envolvesse só uma conversão.
Nas casas de câmbio, o volume de euro negociado não chega a 5% das transações que envolvem comércio.
No câmbio de turismo, voltado a pessoas físicas, corretoras como a TOV já têm 20% dos negócios com euro.
"O euro tem seu público. Muitas empresas compram euros para viagens dos funcionários", disse Anchieta Almeida, da TOV.
Como o mercado é menor, o câmbio de euro tem uma diferença maior entre as cotações de compra e venda.
Na sexta, o euro era comprado pelas casas de câmbio por R$ 2,22 e vendido a R$ 2,34 -diferença de R$ 0,12. Já o dólar saía a R$ 1,67 para compra e R$ 1,76 para venda -variação de R$ 0,09.
A personal stylist Talita Barros, 22, viaja todos os anos para Paris com objetivo de captar novas tendências de moda para formar o guarda-roupa dos clientes, mas nunca leva euro do Brasil.
"Nunca comprei nem cheguei a pesquisar cotação. Não compensa porque eu viajo muito e para vários lugares. É melhor ter dólar, primeiro porque é mais fácil para comprar e é aceito em todos os lugares. Dólar é a moeda internacional", disse.
"O real se valorizou muito, mas não é uma moeda conversível. Nem na Argentina. O real é um satélite do dólar", disse Sidney Nehme, diretor da corretora de câmbio NGO.


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