São Paulo, segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

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Leste Europeu quer seu Vale do Silício

Planejado para ser o centro da alta tecnologia russa, o vilarejo de Skolkovo já atrai grandes multinacionais

Nokia, Novartis, Cisco, Microsoft e Siemens estudam criar projetos no complexo, que deve ficar pronto em 7 anos

MARINA DARMAROS
COLABORAÇÃO PARA
A FOLHA, EM MOSCOU


No início dos anos 2000, altos executivos de companhias internacionais e diretores dos dois principais bancos da Rússia, o SberBank e o Troika Dialog, uniram forças para criar uma escola de administração de padrão internacional no país.
Apesar da falta de recursos imediatos para pôr os planos em prática, a "pedra fundamental" da escola foi celebrada em 2006 no vilarejo de Skolkovo, a 20 quilômetros da capital russa, com a presença do então presidente, Vladimir Putin.
Abraçado pelo sucessor de Putin, Skolkovo tornou-se um símbolo incontestável da tão repetida "modernização" que prega Dmitri Medvedev, presidente russo e tuiteiro.
"Nós criamos e continuamos a formar ativamente possibilidades para empresas inovativas", disse o presidente russo no Fórum Econômico Mundial, realizado em janeiro em Davos.
Apelidado pela imprensa de "Vale do Silício russo", o centro de inovação teria sido uma ideia do jornalista e futurólogo Maksim Kalashnikov, que enviou carta ao presidente em setembro de 2009, sugerindo o assunto.
Kalashnikov propunha ao presidente como salvar a Rússia da "catástrofe sistemática", criando uma "cidade do futuro", ou ainda uma ""pilotoagroecopolis", com a mais nova tecnologia russa de construção".

FACILIDADES
De acordo com o vice-presidente da comissão de modernização da Federação Russa, Vladislav Surkov, a construção do centro de tecnologia de Skolkovo deve levar de três a sete anos e pode começar já na segunda metade de 2011.
"Inicialmente, será construído o núcleo da cidade, sua parte central, que depois deve crescer substancialmente sozinha, sem auxílio estatal", diz.
Para incentivar o surgimento do centro de inovações, entretanto, o governo já anunciou isenções fiscais de dez anos aos participantes do projeto. Até um novo conjunto de leis de imigração já foi aprovado para facilitar o ingresso no país de especialistas altamente qualificados.
Segundo o novo código, os pesquisadores e os funcionários que corresponderem às especificações exigidas -por exemplo, o recebimento de salário mensal mínimo de US$ 10 mil- podem receber vistos de trabalho de até três anos, assim como seus cônjuges e outros membros da família.
Pelo menos duas grandes empresas estrangeiras aderiram à ideia ainda em 2010.
A finlandesa Nokia está planejando a criação de um projeto científico de pesquisa na área de programação, enquanto a alemã Siemens deve construir um centro de pesquisas em biologia e efetividade energética.
Diversas outras também assinaram acordos de cooperação no ano passado, como a Cisco Systems e a Microsoft. A farmacêutica Novartis estaria em conversações.

DESAFIO
"Se o projeto der certo, no final das contas vários Prêmios Nobel vão viver e trabalhar na cidade", diz Surkov.
O físico russo Andre Geim, laureado em 2010, entretanto, é cético. O russo exilado foi cortejado pelo projeto em outubro, mas recusou a oferta dizendo ser "estúpido importar grandes nomes".
Segundo Geim, "se 3% do orçamento fosse destinado às ciências, o país poderia atingir níveis adequados no setor dentro de 50 anos".


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