São Paulo, sábado, 21 de maio de 2011

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"Trump ganhou um bom dinheiro sem fazer nada"

Afirmação é de ex-sócio brasileiro cuja sociedade com americano para construir condomínio de luxo fracassou

Local, em Itatiba (SP), teria campo de golfe; para sócios, nome de Trump não era ideal para projetos rurais

FELIPE VANINI BRUNING
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Não é só nos EUA que alguns empreendimentos imobiliários com a grife do magnata americano Donald Trump não deram certo.
As tentativas dos sócios brasileiros que licenciaram o seu nome, inicialmente para um megacondomínio com campo de golfe e depois para um fundo de investimentos imobiliários, também fracassaram.
O fundo de investimentos, uma associação entre a Trump Organization e a Gold & Bell, dos empresários brasileiros Samuel Goldstein e Ricardo Bellino, foi anunciado no início de 2010 com a intenção de formar uma carteira de propriedades no Nordeste, em São Paulo e no Rio de Janeiro que atingisse VGV (valor geral de vendas) de R$ 10 bilhões até 2015.
Nenhum terreno foi comprado, nenhuma casa foi erguida e, em janeiro passado, a sociedade se dissolveu.
Já a Trump Realty Brazil foi mais longe. Criada em 2003, captou rapidamente mais de US$ 30 milhões de sócios como a família Meyerfreund (antiga controladora da Garoto) e a família Depieri (dona do laboratório Aché).
A ideia era construir condomínios de luxo.
Um dos motivos do sucesso da capitalização foi a exposição de Bellino na imprensa americana.
Trump teria cedido três minutos para Bellino convencê-lo. E conseguiu. A história se alastrou e, quando voltou ao país, Bellino encontrou várias empresários dispostos a financiá-lo.
O primeiro projeto, batizado de Villa Trump, consistia em 500 lotes de 5.000 m2, com um hotel e dois campos de golfe assinados pelo lendário ex-jogador americano Jack Nicklaus.

TORNEIOS
Para promover a Villa Trump, os empresários patrocinaram os torneios de golfe Trump Open em São Paulo e na Costa do Sauipe entre 2004 e 2005, nos quais compareceram Rubens Barrichello, Ana Maria Braga e Roberto Justus.
Mas a Villa Trump nunca saiu do papel. Situada num terreno no município de Itatiba (100 km da capital paulista), emperrou na fase de estudos ambientais por conta da extensa área de mais de 5 milhões de metros quadrados.
E, em 2006, justamente o nome de Trump virou objeto da discórdia que levou à ruptura do contrato. "Os parceiros diziam que o nome de Trump não era adequado a projetos em áreas rurais", afirma Bellino.
"Mas a sofisticação do nome Trump era a única diferença do projeto em relação a outros similares. Criamos a moda dos condomínios com campo de golfe, mas o nosso projeto nunca saiu."
O terreno de Itatiba foi comprado em 2008 pela Alphaville Urbanismo, que até hoje não construiu nada no local.
Trump recebeu US$ 1 milhão pelo licenciamento, além de um valor não revelada pela rescisão do contrato.
"Trump não entendeu direito o que aconteceu, mas ficou feliz até com a rescisão. Ele ganhou um bom dinheiro sem fazer nada", diz Bellino.
Procurada, a Trump Organization não respondeu aos questionamentos sobre seus negócios no Brasil.


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