São Paulo, sábado, 21 de maio de 2011

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Ferreira assume comando da Vale e diz que vai manter investimentos

Novo presidente, que substitui Agnelli, afirma que geração de valor para acionista será prioridade

Diretor da mineradora havia dito que empresa reduziria investimento; Coutinho afirmou que plano não era realista

CIRILO JUNIOR
DO RIO

Murilo Ferreira assumiu ontem a presidência da Vale e disse que vai manter os US$ 24 bilhões em investimentos previstos para este ano.
No início do mês, o diretor José Carlos Martins havia indicado que a mineradora investiria menos que o previsto em 2011, algo em torno dos US$ 20 bilhões, devido a atrasos em alguns projetos.
Nesta semana, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, havia declarado, em Londres, que os planos de negócios da Petrobras e da Vale não são realistas. O BNDES é um dos acionistas da Vale, a segunda maior mineradora do mundo.
"O orçamento é de US$ 24 bilhões e está mantido. Houve dispêndio menor por diversas razões, mas posso garantir que vamos aplicar conforme o planejado", afirmou, na primeira entrevista no comando da companhia.
O antecessor, Roger Agnelli, foi tirado do comando da Vale depois de dez anos, após ser contestado por setores do governo. A principal crítica era justamente o fato de ele não priorizar investimentos no país.
O ex-presidente da mineradora era considerado centralizador. Também era acusado de não ouvir os pleitos do governo e de não ser aberto a negociações.

AMBIENTE CONSTRUTIVO
Em sua primeira aparição pública, Ferreira procurou passar uma imagem totalmente inversa.
Disse que quer fazer um "ambiente construtivo" na empresa e que deseja uma relação "franca e aberta" com o governo. Repetiu que, sendo mineiro, é aberto ao diálogo.
"É interesse de todas as partes que isso ocorra de forma muito boa", ressaltou.
Ao seu lado, o presidente do conselho de administração da Vale, Ricardo Flores, dizia, mais de uma vez, que a mineradora quer melhorar o clima interno, estabelecer relação de respeito, diálogo e consideração com clientes, lideranças e imprensa.
"Uma relação muito tranquila e transparente se reverte de forma positiva para todas as partes", disse Flores, que preside a Previ, fundo de pensão dos funcionários do BB, maior acionista da mineradora. Os outros sócios são o Bradesco e a japonesa Mitsui.
O novo presidente foi cauteloso quando questionado sobre a pressão para a Vale investir em mais projetos no país. Disse que é possível conciliar as demandas, mas que a geração de valor para o acionista será prioridade.
"As coisas não são incompatíveis. Mas existem situações e situações. Vamos tocar a vida com diálogo."
Foi anunciada a indicação de Vânia Somavilla, que trabalha na área de sustentabilidade da Vale, para a diretoria de RH da mineradora. Ela vai entrar no lugar de Carla Grasso, que assumira o posto ainda no governo FHC.
Ferreira disse que vai pedir ao conselho a manutenção do restante da diretoria.
Administrador de empresas, Murilo Ferreira, 58, havia saído da Vale em 2008. Na época, especulou-se que ele teria tido divergências com Agnelli. Ontem, negou essa versão e ressaltou que seu ciclo como diretor havia se encerrado na ocasião.


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