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commodities
Citricultura reage à queda na demanda
Produtores e indústria querem se modernizar e formar ambiente de negociação do preço do suco de laranja
De 2003 a 2009, o consumo mundial do produto caiu 1,6% ao ano; demanda por néctares subiu 4%
TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO
A maior oferta de bebidas
prontas para o consumo
-como chás, águas saborizadas, isotônicos e néctares- vem reduzindo a demanda por suco de laranja.
Entre 2003 e 2009, o consumo mundial de suco de laranja caiu 1,6% ao ano, enquanto a demanda por néctares, que levam menor quantidade de sólidos solúveis
(açúcares da fruta), subiu
4%, segundo estudo lançado
ontem pelo professor titular
de planejamento da FEA/
USP Marcos Fava Neves.
Responsável por 50% da
produção mundial de suco
de laranja, o Brasil é o mais
afetado por essa mudança no
hábito de consumo, ao lado
dos Estados Unidos. Para enfrentá-la, a palavra de ordem
no setor é organização.
Um dos fatores de maior
influência no consumo de
suco de laranja é o preço. Reduzir custos para levar ao
consumidor um produto
mais competitivo, portanto,
é a chave para a laranja manter o atual nível de consumo.
Nos últimos anos, porém,
aconteceu o oposto. O custo
de produção subiu de R$ 4,25
por caixa na safra 2002/2003
para os atuais R$ 7,26 -um
crescimento de 70%. Mão de
obra, pragas e doenças foram
os principais responsáveis
por esse desempenho.
Se o aumento do salário
mínimo é inevitável, resta à
indústria melhorar as técnicas no campo. O "greening",
doença que afeta a citricultura e avança com rapidez nos
pomares brasileiros e na Flórida, hoje é uma das principais preocupações do setor.
"O setor citrícola tem dois
desafios: a defesa sanitária,
com uma ação coordenada
na cadeia para combater o
"greening" e a formação de
um mecanismo de remuneração, para ter uma distribuição (de renda) mais igualitária", diz Margarete Boteon,
pesquisadora do Cepea (Centro de Estudos Avançados em
Economia Aplicada).
A formação de um novo
ambiente para negociações
de preços entre produtores e
indústria, conhecido como
Consecitrus, nunca esteve
tão próxima de se tornar realidade.
"Se o estatuto não for assinado na próxima reunião
que debaterá o tema, na próxima segunda-feira, ela deve
acontecer em novembro",
afirma o secretário de Agricultura do Estado de São
Paulo, João Sampaio.
NOVAS OPORTUNIDADES
Para José Luis Cutrale, presidente do conselho de administração da Cutrale, o setor
já está em transformação.
"Temos a velha e a nova citricultura no Brasil", afirma
ele, em referência a modelos
de produção mais modernos
que resultam em uma produtividade superior a mil caixas
de laranja por hectare. Para o
produtor ter rentabilidade, é
necessária produção de pelo
menos 280 caixas por hectare.
"Eu tenho a impressão que
metade dos pomares está na
nova citricultura. Tornar o
suco mais competitivo é a
chance para o mercado de
suco de laranja", acrescenta
o executivo da Cutrale.
Do ponto de vista da demanda, Fava Neves aponta
inovações de produtos e
maior exploração dos mercados em desenvolvimento como oportunidades para o setor, entre outras.
"Os emergentes estão começando a tomar mais "pulp"
(suco de laranja com grande
quantidade de polpa e misturado à água). Nesses países
está a maior oportunidade de
crescimento da indústria",
afirma Cutrale.
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