São Paulo, sábado, 22 de janeiro de 2011

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ANÁLISE ALIMENTOS

Agronegócio precisa mostrar à sociedade o seu valor

MARCOS FAVA NEVES
ESPECIAL PARA A FOLHA

Neste início de ano, diversas manchetes comunicaram que os alimentos foram os vilões da inflação de 2010.
A sociedade que leu essas notícias tendeu imediatamente a culpar os produtores rurais, agroindústrias e indústrias de alimentos pela valorização desses produtos.
Na verdade, o agricultor atuou justamente do lado oposto, pois controlou a inflação. A época é de crise alimentar (preços mundiais recordes) por diversos fatores já discutidos e até antecipados há mais de dois anos.
Os produtos da agricultura finalmente se valorizaram e nós, como grandes exportadores, estamos nos beneficiando economicamente desse valor, dessa renda gerada. E o mundo cada vez mais reconhece o Brasil como "fornecedor mundial de alimentos".
As produções do horticultor dos cinturões das cidades, do citricultor de São Paulo, do produtor de frangos e suínos em Santa Catarina, de grãos na Bahia, de arroz no Rio Grande do Sul, de frutas e cana no Nordeste, de papel e celulose no Mato Grosso do Sul, e de gado no Tocantins, entre outros, ajudaram a segurar a inflação.
Nossos produtores de alimentos abasteceram o mercado brasileiro, competiram com os produtos importados que invadiram as gôndolas devido ao real valorizado e, ao proporcionarem uma exportação recorde de US$ 76 bilhões, permitiram grande ingresso de recursos no país.
A receita com exportações atuou como força propulsora da valorização do real, que ajuda no controle da inflação. Alguém poderia calcular quanto seria a inflação sem a presença do agronegócio?
Então, de salvador da pátria, o agronegócio passou a ser o vilão de 2010.
Esse caso é um exemplo de que a comunicação com os mais diversos públicos-alvo é a batalha deste século.
O agronegócio -tirando uma ou outra boa ação das associações, sindicatos e outras organizações- não se comunica adequadamente. A imagem do setor na sociedade não representa seu grande trabalho e êxito.
É preciso romper a passividade. Comunicar-se com as novas gerações, que são mais sensíveis às causas ambientais, sociais, da inclusão e da tolerância, usando as novas formas de mídia digital, que é o que elas assistem.
Produtores rurais e industriais também devem fazer programas de relacionamento com palestras em escolas, organizar programas de visitas para as crianças nas fábricas e nas fazendas.
São muitas as ações necessárias para mostrar à sociedade brasileira o valor do agronegócio na geração de exportações, de empregos, de impostos, no controle da inflação, e mostrar que é o setor mais respeitado do Brasil no exterior.
É necessário o esforço de todos para reverter essa imagem do agronegócio.

MARCOS FAVA NEVES é professor titular de planejamento na FEA/USP (Campus de Ribeirão Preto), autor de 22 livros publicados em cinco países e coordenador científico do Markestrat.

Internet: mfaneves@usp.br


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