São Paulo, segunda-feira, 22 de agosto de 2011

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Pequenos investidores abandonam a Bolsa nos EUA

Após a crise de 2008, aplicador não quer correr o risco de perder capital em novo mergulho do mercado

JULIE CRESWELL
DO "NEW YORK TIMES"

A fé dos pequenos investidores no mercado de ações está sendo testada de novo.
Depois do colapso das Bolsas em 2008, que provocou severa redução em suas economias para aposentadoria, os pequenos investidores retiraram centenas de bilhões de fundos de ações norte-americanos e se mantiveram afastados dos papéis enquanto o mercado se recuperava com força em 2010.
Mas, no começo deste ano, depois de terem perdido a alta de 2010, alguns investidores começaram a retornar. Eles escolheram um mau momento e hoje estão sofrendo os efeitos das quedas severas em Wall Street ou abandonando de vez as ações.
E outros pequenos investidores, que persistiram nesse tipo de aplicação nos últimos anos, agora parecem ter esgotado sua paciência.
Lin Hersh, 61, pequena empresária em Bearsville (NY), ligou para seu corretor há três semanas e deu ordem para liquidar as posições em Bolsa.
Ela abandonou quase todas as ações em sua carteira pessoal e suas cotas em fundos mútuos, optando por manter as suas reservas em dinheiro.
Hersh ainda recorda, com medo, da queda de 2008, quando suas economias de US$ 432 mil subitamente encolheram para US$ 150 mil.
"O que me sobrou depois da crise passada foi cerca de um terço do dinheiro que eu tinha para começar e não posso mais brincar", disse.
Mencionando a fraqueza da economia dos EUA e preocupação sobre a Europa, Hersh disse que provavelmente evitaria investir em ações ao menos até o fim do ano. "Não vejo motivo para comprar na baixa, porque a baixa ainda não terminou."
Os pequenos investidores serviam de base ao mercado de ações americano, por meio de seus fundos mútuos, planos de aposentadoria pessoais e fundos de pensão.
Muitos contataram seus corretores e consultores financeiros nos últimos dias, buscando conselhos ou garantias de que as suas aposentadorias e as suas contas de poupança sobreviveriam aos altos e baixos.
Após anos de desempenho fraco ou prejuízos, alguns investidores questionam se a ideia de concentrar suas atenções nos resultados de longo prazo, que lhes foi instilada por assessores financeiros e profissionais de investimento de Wall Street, realmente é o melhor conselho.

EMBAIXO DO COLCHÃO
"Minha mulher seguiu o conselho de um assessor financeiro e teria feito melhor em guardar o dinheiro debaixo do colchão. Ela só perdeu dinheiro por mais de 20 anos", disse Adam Corson-Finnerty, 67, que trabalha com arrecadação de fundos para a Audubon Society em Nova Jersey.
Corson-Finnerty retirou os US$ 500 mil que guardou para sua aposentadoria do mercado de ações quando as Bolsas estavam no pico, em 2007, e aplicou o dinheiro em títulos do governo e no mercado monetário.
"Mesmo que nosso consultor sempre aconselhasse a investir em ações, decidimos que não voltaríamos às Bolsas porque não confio mais nelas", disse Corson-Finnerty. "Estou mais preocupado com preservação do que com crescimento."
Parte dos pequenos investidores decidiu aguentar o tranco, mas mesmo antes das recentes oscilações do mercado já havia os que que pensavam em sair.
Mais de US$ 10 bilhões foram retirados de fundos de ações norte-americanos na semana encerrada no dia 3 passado, de acordo com o Investment Company Institute. É o dobro do nível atingido no começo de julho.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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