São Paulo, quinta-feira, 23 de junho de 2011

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Bahia defende venda de terra a estrangeiro

Governo apoia normas mais flexíveis, desde que investidor se comprometa a industrializar produção agrícola

"Brasil não pode dispensar investimento externo", diz secretario baiano; governo federal teria decisão final

Sergio Lima - 31.mar.11/Folhapress
Comitiva da China, maior importador mundial de soja, em visita a campos de pesquisa de soja, milho e algodão em Goiás

GRACILIANO ROCHA
DE SALVADOR

O governo da Bahia quer convencer o Planalto a flexibilizar as normas que restringem a venda de terras a companhias estrangeiras e propõe vincular os negócios à industrialização da produção agrícola.
Para garantir investimentos no setor, o governador baiano, Jaques Wagner (PT), defende a liberação de cotas de terras para investidores externos que injetarem dinheiro na agroindústria.
A empresa poderia comprar uma extensão de terra capaz de produzir até 50% de sua capacidade de processamento industrial, conforme o projeto baiano.
Se uma companhia estrangeira montasse uma unidade para esmagar 1 milhão de toneladas de soja, por exemplo, teria direito a comprar lavouras para produzir até 500 mil toneladas do grão.
A proposta, que está sendo discutida com congressistas, ainda não foi levada à presidente Dilma Rousseff.
Em agosto de 2010, a AGU (Advocacia-Geral da União) emitiu parecer sobre uma lei de 1971 e reforçou as barreiras a investidores externos.
Atualmente, o órgão estuda criar o Conater (Conselho Nacional de Terras Rurais), órgão colegiado que teria a responsabilidade de autorizar a compra de áreas entre 5 e 500 mil hectares.
Se for criado, o Conater retirará funções do Congresso, que hoje tem de avalizar vendas de áreas a partir de 50 módulos fiscais.
O tamanho do módulo varia conforme o município e pode chegar a cem hectares na Amazônia.

IN NATURA
"O Brasil não é um país rico que possa dispensar investimento externo. As pessoas ainda não acordaram para o tamanho do prejuízo que a restrição está causando", reclama o secretário de Estado da Agricultura, Eduardo Salles.
Segundo ele, a proposta do governo da Bahia, se aprovada, geraria emprego e renda ao inibir a exportação de produtos "in natura".
Ao vincular a compra de terras à industrialização, a proposta fecha a porta para estrangeiros comprarem terras indiscriminadamente com foco na especulação imobiliária, conforme o secretário.
A limitação imposta pelo parecer da AGU trava a economia, de acordo com ele, porque os investidores estrangeiros não podem garantir a produção própria de matéria-prima para suas unidades industriais.
"Já perdemos bilhões justamente num momento em que o Brasil é visto com bons olhos por investidores lá fora", disse.
O governo baiano argumenta que o Estado já deixou de captar investimentos estrangeiros em plantas de papel e celulose e no beneficiamento de culturas agrícolas como eucalipto, cana-de-açúcar, algodão, laranja e guaraná.


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