São Paulo, sábado, 23 de julho de 2011 |
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ANÁLISE Commodities ainda devem dar novo fôlego à inflação GERALDO BARROS ESPECIAL PARA A FOLHA Desde que, em março, os preços internacionais das commodities deixaram de crescer, poderia parecer que seu efeito sobre a inflação no Brasil teria se esgotado. Mas esses preços não devem retroceder de forma significa e podem até voltar a crescer, impulsionando a inflação. O índice atual decorre de não ter havido presteza para conter a propagação dos choques de commodities a outros setores -que ocorre em proporção ao aquecimento da economia e ao seu grau de indexação, inclusive do salário mínimo. O problema pode ir além do preço dos serviços, a menos que a demanda seja desaquecida o suficiente. A favor de preços de commodities elevados e, provavelmente, em alta, pesa a continuidade do forte crescimento dos países emergentes e em desenvolvimento. Conta também a extraordinária liquidez, que se acompanha de taxas de juros e dólar muito baixos. Pode-se ainda adicionar dois fatores altistas na oferta: as mudanças climáticas e a evolução mais lenta da produtividade. Os EUA seguem patinando numa trilha de baixo crescimento e elevado desemprego. Porém, como o atual embate político-partidário deixa claro, são mínimas as chances de que estímulos fiscais venham a ser utilizados. Resta seguir mantendo a liquidez, o que leva a juros muito baixos e dólar enfraquecido -e, logo, aos altos preços de commodities. Na Europa, a área do euro balança. A proposta de reestruturação das dívidas, se mal dimensionada, pode só mudar a natureza da crise. Uma possível saída envolveria a China mitigar a quebradeira. A médio prazo, é mais provável que o país, assim como outros emergentes, reduza suas exposições nos EUA, dando, ao mesmo tempo, mais força à Europa. Quando os ajustes evoluírem, é provável que o euro se valorize ante o dólar, reforçando a alta de commodities. Quanto à China, salários mais altos e moeda mais valorizada poderão aumentar o ímpeto importador de um país um pouco mais voltado para o mercado interno -outra força no sentido de aumento de preços das commodities. Não ocorrendo o pior nos EUA e na Europa, é concreta a ameaça de alta da inflação no Brasil. Para que seja combatida, juro alto e câmbio forte deverão prevalecer na impossibilidade de acionar eficazmente a política fiscal. GERALDO BARROS é professor titular da USP/Esalq e coordenador científico do Cepea/Esalq/USP Texto Anterior: Commodities: Vale usa SP para dominar a logística do agronegócio Próximo Texto: Vaivém - Mauro Zafalon: Receitas com as exportações de commodities disparam Índice | Comunicar Erros |
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