São Paulo, quinta-feira, 24 de junho de 2010

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ANÁLISE

Financiamento habitacional deve ganhar espaço no crédito

PAULO MIGUEL
ESPECIAL PARA A FOLHA

As últimas informações sobre crédito no Brasil confirmam o bom momento da atividade econômica. A concessão de crédito destinada a pessoas físicas (descontado o crédito rotativo) manteve ritmo de crescimento próximo a 20% ao ano em maio, impulsionado principalmente pelo crescimento de 78% no financiamento de veículos.
Tal crescimento deve ter alguma acomodação nos próximos meses, em razão da esperada perda de fôlego nas vendas de automóveis com o fim dos incentivos tributários e da expectativa de que o aperto monetário comece a ter algum efeito.
Do lado das empresas, os resultados recentes também são bastante favoráveis. Após um período de estagnação até o final de 2009, a concessão de crédito tem acelerado rapidamente nesse setor. As concessões de financiamento de médio e longo prazo para empresas cresceram 41% em maio ante o mesmo período de 2009. Tal comportamento é uma confirmação da alta disposição para investimento.
O avanço do crédito foi notável nos últimos anos: em 2004 o estoque de crédito da economia mal alcançava 25% do PIB, relação que atingiu 46% em maio deste ano, impulsionada especialmente pelo crédito pessoal. Parte importante do dinamismo da economia brasileira no período decorre desta transformação.

HABITAÇÃO EM ALTA
O que esperar para o futuro? Estudo recente publicado pelo BNDES sugere que em 2014 a relação crédito/PIB ultrapassará os 70%. Fica claro que o crescimento dependerá de outras modalidades, pois o crédito pessoal já atingiu nível próximo ao padrão internacional. O grande vetor de dinamismo deverá ser o segmento habitacional, no qual o Brasil ainda se situa muito abaixo da média, mesmo em relação a outros países em desenvolvimento.
Para que essas projeções se confirmem, será necessário que o país continue convergir para uma taxa de juros real mais baixa e mantenha a estabilidade econômica. O crédito imobiliário será um grande instrumento para acelerar o crescimento econômico, mas deve ser bem regulado para evitar os erros e excessos dos muitos países que hoje se veem em dificuldades.

PAULO MIGUEL é sócio-diretor da Quest Investimentos


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