São Paulo, quarta-feira, 24 de agosto de 2011

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Commodities

PDVSA questiona valor de refinaria em PE

Estatal venezuelana discorda do preço de Abreu e Lima; valor estimado hoje é o quádruplo do orçamento inicial

No fim de semana passado deveria ter sido assinado acordo fixando cronograma de aportes financeiros

LEILA COIMBRA
DO RIO
FLAVIA MARREIRO
DE CARACAS

A estatal venezuelana PDVSA (Petróleos de Venezuela) e a Petrobras não assinaram no fim de semana passado acordo fixando novo cronograma de aportes financeiros no projeto na Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, conforme previsto.
Pessoas ligadas à PDVSA argumentaram que a Petrobras impôs de forma unilateral o prazo de assinatura até o dia 20 (sábado passado). A PDVSA, que não participa do planejamento orçamentário da obra, discorda do valor do projeto.
Inicialmente orçada em US$ 4 bilhões em 2005, quando a parceria foi celebrada, a refinaria deverá custar o quádruplo: US$ 16 bilhões (R$ 26 bilhões).
Na prática, investir em Abreu e Lima tem, atualmente, pouco sentido econômico para a PDVSA.
Cada vez mais demandada pelo caixa estatal de Hugo Chávez e com as dívidas com prestadores de serviço em alta -acréscimo de 55% em 2010 em comparação ao ano anterior-, a empresa anunciou que o foco será investir para aumentar a produção interna, estancada. Há outras arestas. A Petrobras desistiu de explorar concessão na Faixa do Orinoco, na Venezuela, onde ficam as maiores reservas de petróleo pesado do mundo, de acordo com a Opep.
Além disso, a PDVSA tem orçamento global de investimentos muito mais enxuto, de US$ 12 bilhões para 2011 -enquanto a previsão de investimentos da Petrobras é de US$ 84 bilhões no período.
Mas o custo político de uma renúncia pura e simples ao projeto de Pernambuco seria alto para a PDVSA.
Por isso, a estatal estaria "enrolando" para desistir formalmente, segundo uma pessoa próxima às negociações.
Dos R$ 26 bilhões de custo total da refinaria, R$ 16 bilhões serão por caixa próprio dos sócios, além dos R$ 10 bilhões provenientes do empréstimo do BNDES.
Do total, a Petrobras já investiu R$ 7 bilhões sozinha. E afirma que construirá de qualquer jeito a Abreu e Lima, mesmo com a desistência da parceira venezuelana.
A PDVSA tem até o último dia útil de setembro para entregar garantias junto ao BNDES e assumir 40% do empréstimo de R$ 10 bilhões tomado pela Petrobras, ou R$ 4 bilhões.
Caso o BNDES aceite as garantias, novembro será a data final para que a empresa faça o aporte do dinheiro.


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