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Serasa aponta risco de superendividamento
Para a entidade, nível atual de débitos dos brasileiros preocupa por falta de detalhes sobre perfil dos endividados
Dívidas representam 39% da renda dos brasileiros; fatia de 24% por mês vai para pagamento dos débitos
CAROLINA MATOS
DE SÃO PAULO
Dados do Banco Central
mostram que, nos últimos
cinco anos, o número de brasileiros com dívidas superiores a R$ 5 mil, considerando
todos os tipos de empréstimo, saltou de 10 milhões para 25,7 milhões.
Mas esse total pode ser
muito maior, já que não considera os cidadãos que não
têm conta em banco -cerca
de metade da população.
Na avaliação da Serasa Experian, diante da falta de informações sobre o perfil das
dívidas das famílias, e da capacidade de pagamento, o
Brasil corre sério risco de enfrentar um cenário de superendividamento (leia entrevista na pág. 4).
A preocupação é a seguinte: embora muitos dos consumidores que devem mais de
R$ 5 mil possam ter esse valor dentro do seu limite de
crédito, outros tantos já estão
mais endividados do que poderiam e, portanto, com alta
probabilidade de inadimplência.
DÍVIDA X RENDA
Hoje, o volume de dívidas
dos brasileiros corresponde a
39,1% da renda, de acordo
com o Banco Central.
E uma parcela de 23,8% fica comprometida mensalmente com o pagamento dos
débitos existentes.
Sem detalhes sobre a qualidade das dívidas, esses percentuais já preocupam, na
avaliação da Serasa.
Nos EUA, com juros muito
baixos, 17% da renda fica
comprometida com pagamento de débitos. E o volume
de dívidas dos americanos
chega a 128% da renda.
Lembrando que, tanto no
Brasil quanto nos EUA, os
números referentes a financiamento imobiliário entram
nessa conta.
Mas, no mercado doméstico, esse tipo de crédito é só
3,5% do PIB. Já no americano, é mais de 100%.
"CRISES INEVITÁVEIS"
Pedro Paulo Silveira, diretor da Gradual Investimentos, diz que as crises de crédito são "inevitáveis" no mundo todo, fazendo parte do "ciclo econômico capitalista".
"Quando a economia vai
bem, ter uma dívida de
R$ 1.000 pode não significar
nada para um cidadão. Mas
se a economia passa a ir mal
e a pessoa perde o emprego,
esse endividamento se torna
um problema para ela", diz.
Mas Silveira acredita que o
Brasil deva continuar crescendo a taxas elevadas nos
próximos quatro anos, com
aumento da classe média e
possibilidade de expansão
dos empréstimos.
O crédito pessoal para consumo disparou no país desde
2002. Passou de 5,1% do PIB
(Produto Interno Bruto) naquele ano para 15,2% do PIB
em agosto de 2010, ainda segundo dados do BC.
Com o aumento, esse segmento de empréstimos, que
exclui o crédito imobiliário,
já atinge nível próximo ao
dos EUA, de 16,6% do PIB em
agosto de 2010.
Alexandre Andrade, economista da Tendências Consultoria, também acredita
que a expansão da renda dos
brasileiros comporta o endividamento.
"Além do mais, os segmentos de crédito que mais
têm crescido são os que oferecem as melhores garantias
aos bancos em caso de inadimplência: financiamento
de automóveis, imóveis e crédito consignado", diz.
"E é importante destacar
que, no passado, carro e casa
própria eram bens que apenas uma parcela reduzida da
população tinha acesso",
completa Andrade.
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