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"Geração Google tem coragem para inovar"
Para pesquisador, jogar videogame é bem mais produtivo que ver televisão
Johnson diz que que as
grande ideias surgem
quando se produz
conexão entre as
diferentes disciplinas
DE SÃO PAULO
Veja os principais trechos
da entrevista.
Folha - O que o sr. encontrou
de mais intrigante ao investigar a história da inovação?
Steven Johnson - Que essa
ideia de insight não existe.
Darwin não descobriu a seleção natural em um "momento eureca". O gênio solitário é
uma raridade na história das
inovações.
O sr. diz no livro que a web e
as grandes metrópoles são os
ambientes mais apropriados
para a inovação. Por quê?
São ambientes propícios
para novos tipos de colaboração. A web tem uma arquitetura aberta e foi construída
sobre a plataforma da internet, que é aberta. Tim Berners-Lee não teve de pedir
permissão para inventar a
web. É muito fácil para qualquer pessoa criar uma rede
social ou um site de leilão.
E nas grandes cidades?
Nas cidades as pessoas dividem espaços, há um fluxo
de ideias. As pessoas estão
muito perto umas das outras.
E, como há muita diversidade, as ideias são emprestadas de uma área de especialização para a outra. Essa diversidade faz a cidade mais
criativa.
A regra de que quanto maior
a comunidade maior a inovação não parece valer para as
grandes corporações.
A não ser que estejamos falando da Apple. É um ponto
interessante, não tinha pensado sobre isso. Acho que a
diferença é que a cidade e a
web envolvem muita gente,
mas não são hierárquicas,
não têm dono. Na empresa, o
presidente dá ordem para o
diretor, que dá ordem para o
gerente. As pessoas não experimentam pois temem ser
demitidas e porque têm de se
preocupar em fazer o que o
chefe manda.
O sr. acredita que a cultura organizacional do Google estimula a inovação?
Acho que eles estão fazendo um bom trabalho no sentido de manter viva a cultura
de "start up". As pessoas são
estimuladas a trabalhar em
projetos laterais.
Mas é interessante pensar
que, até a criação do Android
[sistema operacional para celular], todos os projetos que
eles tentaram fazer internamente não decolaram. Eles
ainda são, basicamente, uma
empresa de busca com um
negócio de propaganda.
No livro o sr. diz que a competição capitalista é menos central para a inovação do que se
pensa. Por quê?
Sempre acreditamos que
competição gera inovação.
De fato, empresas nascentes
são muito inovadoras. Mas
existe um mundo de novas
ideias de impacto que surge
fora do ambiente de mercado. Elas surgem nas universidades, em plataformas de código aberto ("open source").
O mercado é ótimo para pegar boas ideias e transformá-las em produtos comerciais.
Como estimular a inovação?
Circular com pessoas de
diferentes áreas. Há um grande estudo que eu cito sobre
pessoas inovadoras no trabalho: as mais criativas tendem
a andar com pessoas de outras profissões. Só andar com
pessoas parecidas torna você
menos original no modo de
lidar com problemas. É um
argumento não político em
prol da diversidade.
É possível promover uma
educação mais criativa?
Precisamos cada vez mais
fazer conexões entre disciplinas. Muitas das grandes
ideias surgem de pessoas
que pegam uma ideia de uma
área do conhecimento e a
usam para encontrar sentido
em outro campo.
A nova geração é muito conectada, mas muitas vezes isso pode levar à dispersão. A
capacidade de reflexão não é
importante para a inovação?
Para inovar é preciso mais
do que apenas estar conectado. É preciso coragem e acho
que a Geração Google tem isso. É uma geração muito empreendedora. A experiência
ajuda a descobrir quais conexões serão mais eficientes. Isso vem com a idade. Essa turma vai se dar muito bem. Não
é perfeita. Mas, comparando
com a minha geração, que
cresceu vendo TV, passar o
dia jogando videogame é
bem mais produtivo.
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