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Investimento cresce e cobre rombo nas contas externas
Aplicação no setor produtivo é recorde para outubro,
e resultado acumulado já supera previsões para o ano
Deficit externo em 12 meses equivale a 2,43%
do PIB, maior patamar
desde o fim do governo
Fernando Henrique
EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA
Os investimentos estrangeiros em empresas e no mercado financeiro bateram novos recorde em outubro e já
superam as previsões do
Banco Central para 2010.
Segundo dados da autoridade monetária, o Brasil recebeu nos últimos três meses
quase metade do investimento direto em empresas previsto para o ano.
Somente no mês passado,
houve uma entrada de
US$ 6,8 bilhões no setor produtivo, maior valor desde dezembro de 2008 e melhor resultado para meses de outubro da série iniciada em 1947.
O investimento no ano já
supera os US$ 30 bilhões esperados pelo BC.
Essa estimativa foi divulgada pelo BC em setembro.
Antes, a instituição esperava
um resultado positivo de
US$ 38 bilhões, mas mudou a
previsão depois que vários
investimentos foram adiados
por conta da crise externa.
Os números de outubro
devem levar a uma nova revisão. Para novembro, a instituição espera um resultado
de US$ 2,8 bilhões, mais próximo da média do ano.
Os responsáveis pela recuperação nos últimos meses
foram os setores de mineração, química e metalurgia.
AÇÕES E RENDA FIXA
Em relação aos investimentos no mercado financeiro, as aplicações de estrangeiros em ações e renda fixa
chegaram a US$ 48,5 bilhões
no acumulado até outubro,
superando o recorde verificado em todo o ano passado.
O destaque do mês passado foram as aplicações em
ADRs (recibos de ações brasileiras negociados no exterior), movimento ainda relacionado à operação de capitalização da Petrobras.
Dados parciais para novembro mostram uma desaceleração nesses números.
Os investimentos em títulos no país estão negativos
pela primeira vez em quatro
meses. O BC atribui o resultado ao aumento na alíquota
de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) anunciado
pelo governo em outubro para esse tipo de aplicação.
Marcio Cardoso, diretor da
Corretora Título, diz que é
normal que haja uma acomodação nos investimentos
após dois meses seguidos de
resultados muito fortes.
Ele afirma, no entanto,
que o país continua atrativo
para o capital externo e que
deve haver uma retomada assim que houver melhora nas
condições do mercado.
DEFICIT
Os investimentos estrangeiros recorde em outubro foram mais que suficientes para financiar o deficit de
US$ 3,7 bilhões nas transações do Brasil com o exterior
no mês passado.
O deficit acumulado em 12
meses equivale a 2,43% do
PIB, maior patamar desde o
fim do governo Fernando
Henrique Cardoso, em 2002.
O BC prevê um deficit de
US$ 4,4 bilhões em novembro, devido ao aumento nas
remessas de lucros e nas importações neste fim de ano.
No acumulado de 2010, o
deficit nas transações com o
exterior cresceu 157% em relação ao mesmo período de
2009, para US$ 38,8 bilhões.
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