São Paulo, terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

ANÁLISE MILHO

Valorização aumenta o apetite do produtor por risco

LEONARDO SOLOGUREN
ESPECIAL PARA A FOLHA

Seguindo o comportamento observado ao final de 2010, o mercado de milho iniciou o ano de 2011 com novas valorizações de preço, tanto no ambiente interno quanto no ambiente externo.
No mercado internacional, o quadro de aperto dos estoques tanto ao nível global quanto no próprio mercado norte-americano gera um cenário de sustentação dos preços futuros negociados na Bolsa de Chicago.
Nos últimos 30 dias, as cotações do grão apresentaram uma alta de 18,7% na Chicago Board of Trade (CBOT).
A consolidação de uma produção de 316,2 milhões de toneladas de milho nos Estados Unidos confirmou a queda significativa da produção em relação à campanha agrícola 2009/10, quando o país havia colhido 332,5 milhões de toneladas.
No entanto, não são apenas as notícias referentes a produção e estoque que estão dando sustentação aos preços do milho no exterior.
A continuidade da queda do dólar também está contribuindo de forma significativa para a valorização das commodities agrícolas, o que implica dizer que o ambiente macroeconômico ainda tem um peso importante sobre a precificação dos grãos nos mercados futuros.
Em função disso, as oscilações de preço nas Bolsas deverão ser intensas neste ano.
O forte crescimento da China em 2010, aliado à expectativa de crescimento significativo para este ano, também é apontado como um fator importante para a alta de preços, já que nos últimos dois anos-safra o país asiático acabou por despontar como importador de milho.
No ambiente doméstico, o excelente resultado das exportações de milho observado em 2010, quando o Brasil atingiu um volume de 10,8 milhões de toneladas, consolidou o comportamento de valorização dos preços.
Nos últimos 30 dias, foi possível observar valorizações superiores a 15% em algumas regiões, a exemplo do Estado de Minas Gerais.
Nesse cenário de valorização de preços, é possível que o produtor de milho de segunda safra assuma um risco maior em relação à janela recomendada ao plantio.
Isso quer dizer que, nas regiões onde a soja teve o seu plantio prejudicado em função do clima, não necessariamente haverá uma queda expressiva no plantio da segunda safra.
Como os preços do milho no mercado doméstico apresentam-se altos, o produtor poderá se sentir encorajado a arriscar o plantio tardio do milho também.
Obviamente que, nessas condições, o pacote tecnológico utilizado é inferior à tecnologia utilizada em condições normais de clima, uma vez que o risco de perdas mostra-se superior.
No entanto, o efeito de queda de área apontado por muitos em regiões que sofreram estresse hídrico talvez não se confirme.
Por essa razão, poderemos ter novamente uma segunda safra de milho que poderá registrar um volume alto de produção caso o clima seja propício às lavouras.
Sendo assim, o segundo semestre ainda poderá trazer surpresas ao mercado, seja do ponto de vista de produção, seja do ponto de vista de preços.


LEONARDO SOLOGUREN é engenheiro agrônomo, mestre em economia e sócio-diretor da Clarivi.


Texto Anterior: Costa do Marfim proíbe exportações e preço do cacau dispara
Próximo Texto: Vaivém - Mauro Zafalon: Orgânicos crescem mais no mercado interno
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.