São Paulo, segunda-feira, 25 de abril de 2011

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Indústria pede nova política para o gás

Estudo aponta que redução de 35% do preço do combustível impulsiona setores dependentes, como o vidreiro

Associações criam agenda para pressionar governo e Petrobras a mudar política de preço do gás a partir de 2012

AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO

Crescimento do PIB e do emprego. Redução da inflação e do deficit da balança comercial. Em 2020, um PIB ampliado em R$ 155 bilhões e mais 796 mil empregos.
A indústria consumidora de gás natural decidiu encomendar estudos para montar um dossiê que mostre os efeitos que a mudança na política de preço do gás natural no país poderá produzir.
Governo e Petrobras são os principais alvos.
Para obter esses ganhos descritos acima, o setor industrial quer: 1) equivalência do preço do gás nacional ao valor do gás internacional (hoje mais baixo); 2) redução da tarifa de transporte de US$ 2 para US$ 0,70 por milhão de BTU (unidade de medida do setor); 3) diminuição das margens de operação das distribuidoras, intermediárias entre Petrobras e os consumidores; e 4) corte de PIS e Cofins (de 9,25% para 3,65%) e fim da cumulatividade.
Sete associações industriais, donas de boa parte do consumo de gás no Brasil, financiaram estudos elaborados pela FGV Projetos e pela Andrade & Canellas para demonstrar qual é o impacto econômico que pode ser alcançado ao longo desta década se a Petrobras baratear o custo do insumo em 35%.

PRODUÇÃO PERDIDA
Desenvolvido no âmbito do chamado Projeto Energia Competitiva -bancado pelas associações-, a iniciativa tenta criar um ambiente no país para influenciar a nova modelagem de preço do gás a partir de 2012, quando os contratos entre a Petrobras e as distribuidoras expiram.
Se obtiver sucesso, a indústria promete ampliar os investimentos em projetos para consumo do gás.
Segundo Ricardo Lima, consultor da Andrade & Canellas e responsável pelo estudo que tentou mostrar a viabilidade de redução do preço do gás nacional, a troca da atual política põe a indústria num novo patamar de competitividade, o que viabiliza até grandes projetos petroquímicos, hoje um setor fora dos investimentos para uso do gás natural.
A indústria vidreira afirma que a combinação de dólar desvalorizado e custo da energia no país tem feito o setor perder importante fatia de mercado para os importados.
No segmento de vidros planos, a Abividro (Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro) calcula que 20% da demanda brasileira já é atendida pelos concorrentes internacionais. A nova ameaça é o segmento chamado de conjunto de mesa, principalmente copos.
O setor trabalha em quatro processos antidumping para tentar frear as importações.
O maior temor da indústria é perder a capacidade de disputar o mercado que será criado.
A indústria calcula que o consumo de vidro para carros, eletrodomésticos e outros usos vai dobrar em até 10 anos.
Para Lucien Belmonte, superintendente da Abividro, sem uma nova política de preço para o gás a indústria local não terá condições de ganhar fatia relevante desse crescimento.


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