São Paulo, sexta-feira, 25 de junho de 2010

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Publicitário defende elo emocional com o cliente

Para Kevin Roberts, da Saatchi & Saatchi, Brasil se tornou uma "Lovemark'

Britânico afirma que sucesso da publicidade na Copa depende do grau de intimidade com os consumidores

GABRIEL BALDOCCHI
DE SÃO PAULO

Presidente de uma das 15 maiores agências de publicidade do mundo, a Saatchi & Saatchi, o britânico Kevin Roberts, 60, diz que as marcas precisam criar uma ligação ""emocional" com os consumidores.
O executivo criou o termo "Lovemark" (marca adorada) para se referir às companhias que conseguem criar esse vínculo com os clientes.
""É uma relação baseada em elevado grau de respeito e amor", afirma Roberts, que chefia 6.000 funcionários em 86 países.
No Brasil para um seminário sobre inovação, Roberts contou à Folha que o país é uma marca adorada. Leia trechos da entrevista.

 


Lovemark
Para se tornar uma "Lovemark", ela precisa se superar. Não é uma coisa que você aprende em uma escola de MBA. Os consumidores não têm muito dinheiro para gastar nem muito tempo para escolher. Então, quando vão comprar, querem algo extraordinário. A maior parte das marcas é apenas marcas.
A crise tornou as "Lovemarks" mais importantes e mais eficientes. Mudamos da cultura da admissão para a da participação. O consumidor é o chefe.

Brasil
É uma "Lovemark", com certeza. Em todos os lugares a que vou, as pessoas falam do Brasil. As marcas estão vendo o crescimento do país.
Vocês [brasileiros] não se dão contam do quanto [a situação] mudou. Vejo o Brasil hoje e posso dizer o quanto mudou. Acho que vocês estão sendo críticos demais [risos]. O Brasil tem muito a oferecer. Com certeza, muito mais do que praia e futebol.

Marcas brasileiras
Veja a Skol: quando você toma uma, você não toma uma cerveja, mas o jeito praiano brasileiro. Aquelas barracas no meio da praia, o sol. Foi transformada numa cultura. Eles incorporaram o "descer redondo" e ficou muito bom.
Eu nunca fui a uma loja de departamentos como a Daslu. Tem um andar só para mulheres, onde homens não entram. Aquilo não é misterioso? E isso intriga. Eu fiquei com vontade de entrar naquela parte.

Jornais
Há um futuro próspero para os jornais. Vocês [jornalistas] têm de me inspirar. O que você vê na internet, no YouTube, é uma porcaria. A maioria dos blogueiros é um lixo. A internet não vai matar a imprensa, vai complementar.

Copa
[As marcas] precisam achar aquela parcela de intimidade. Não é só colocar o futebol como fundo de parede.

Nova classe média
As empresas têm de abrir mão do controle e deixar na mão dos consumidores. Você tem que estar em todas as plataformas. Não vai ser fácil para conquistar esses novos consumidores. É sempre um desafio.

Apple
As companhias detêm as marcas, mas as pessoas detêm as "Lovemarks". Elas querem se sentir parte do processo. O que um iPad faz que um outro computador da Apple não faça? Não muito. Mas é irresistível.
Você poderia trocar um iPod por qualquer outro MP3, mas não o faz. Ele é substituível, mas eu não consigo ficar sem o meu. As pessoas têm menos tempo, menos dinheiro.


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