São Paulo, sábado, 25 de setembro de 2010

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ANÁLISE

Governo aproveita sucesso da capitalização para campanha

VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA

O "timing" político para o governo Lula e sua candidata à Presidência da República não poderia ser melhor. Programada para julho, começou ontem, a dez dias da eleição presidencial, a capitalização da Petrobras.
Festejada em tom ufanista na Bovespa, a operação servirá de munição para Dilma Rousseff nesta reta final da campanha. Imagens do evento devem ser usadas no programa de TV para alfinetar o tucano José Serra.
Uma releitura da velha tática, usada com sucesso na campanha da reeleição do presidente Lula em 2006, de associar o PSDB à venda do patrimônio público, enquanto o PT seria aquele partido que o preserva.
A melhor definição talvez não seja apenas "preserva", mas busca, principalmente, aumentar o poder e a influência do Estado na economia, uma política intervencionista adotada por Lula em seu segundo mandato.
Período em que Dilma ganha poder na Esplanada dos Ministérios e se torna a operadora desse modelo, que se coloca contra a tese do Estado mínimo -classificada por ela de "falida".
O link entre eleição e capitalização da Petrobras esteve presente nas falas do presidente Lula durante o evento da Bovespa e na forma como o governo buscou faturar politicamente com a operação.
Uma das cinco manchetes do Blog do Planalto sobre o tema celebrava: "Petrobras, a maior capitalização da história da humanidade", definida a partir de uma entrevista concedida ontem por Lula.
Nela, ele sinalizou a mensagem que pretende passar com o resultado da capitalização. "Ao contrário do passado [leia-se governo FHC], não estamos aqui para alienar o Estado ou o patrimônio público", disse.
Ou seja, Lula quis dizer que, em vez de vender ações da estatal como fez o tucano Fernando Henrique Cardoso, ele determinou a sua equipe que tornasse a União "mais dona" da petroleira.
FHC vendeu ações da estatal, fazendo a participação da União no capital total da empresa cair de mais de 50% para 39,2%. Agora, no governo Lula, a União pode subir sua parte para 48%.
Lula revelava nas conversas reservadas que seu sonho era o governo voltar a deter mais de 50%.
Pelo que o ministro Guido Mantega (Fazenda) disse ontem, o desejo do chefe ainda não foi totalmente realizado, mas pode se viabilizar nas próximas semanas.


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