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ANÁLISE
Governo aproveita sucesso da capitalização para campanha
VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA
O "timing" político para o
governo Lula e sua candidata
à Presidência da República
não poderia ser melhor. Programada para julho, começou ontem, a dez dias da eleição presidencial, a capitalização da Petrobras.
Festejada em tom ufanista
na Bovespa, a operação servirá de munição para Dilma
Rousseff nesta reta final da
campanha. Imagens do
evento devem ser usadas no
programa de TV para alfinetar o tucano José Serra.
Uma releitura da velha tática, usada com sucesso na
campanha da reeleição do
presidente Lula em 2006, de
associar o PSDB à venda do
patrimônio público, enquanto o PT seria aquele partido
que o preserva.
A melhor definição talvez
não seja apenas "preserva",
mas busca, principalmente,
aumentar o poder e a influência do Estado na economia,
uma política intervencionista adotada por Lula em seu
segundo mandato.
Período em que Dilma ganha poder na Esplanada dos
Ministérios e se torna a operadora desse modelo, que se
coloca contra a tese do Estado mínimo -classificada por
ela de "falida".
O link entre eleição e capitalização da Petrobras esteve
presente nas falas do presidente Lula durante o evento
da Bovespa e na forma como
o governo buscou faturar politicamente com a operação.
Uma das cinco manchetes
do Blog do Planalto sobre o
tema celebrava: "Petrobras,
a maior capitalização da história da humanidade", definida a partir de uma entrevista concedida ontem por Lula.
Nela, ele sinalizou a mensagem que pretende passar
com o resultado da capitalização. "Ao contrário do passado [leia-se governo FHC],
não estamos aqui para alienar o Estado ou o patrimônio
público", disse.
Ou seja, Lula quis dizer
que, em vez de vender ações
da estatal como fez o tucano
Fernando Henrique Cardoso,
ele determinou a sua equipe
que tornasse a União "mais
dona" da petroleira.
FHC vendeu ações da estatal, fazendo a participação da
União no capital total da empresa cair de mais de 50% para 39,2%. Agora, no governo
Lula, a União pode subir sua
parte para 48%.
Lula revelava nas conversas reservadas que seu sonho
era o governo voltar a deter
mais de 50%.
Pelo que o ministro Guido
Mantega (Fazenda) disse ontem, o desejo do chefe ainda
não foi totalmente realizado,
mas pode se viabilizar nas
próximas semanas.
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