DE LONDRES

Enquanto a Irlanda conhecia seu pacote de cortes, Portugal e Reino Unido sofriam as consequências dos arrochos já anunciados por seus governos para conter os deficit públicos.
Em Portugal, cerca de 3 milhões do total de 5,6 milhões de trabalhadores aderiram à greve geral, segundo as centrais sindicais.
Os setores mais afetados foram o da educação e o dos transportes. Nos aeroportos, 90% dos voos foram cancelados. Alguns hospitais só atendiam emergências, e o lixo deixou de ser recolhido.
O governo diz que a adesão foi bem menor. Não teria chegado a 25% no setor público e seria menor ainda na iniciativa privada.
A greve é contra o aumento de impostos, o corte de 10% nos salários do funcionalismo público e o congelamento de aposentadorias, medidas anunciadas como a estratégia do país para reduzir seu deficit, que deve fechar em 9,3% do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano.
O Orçamento para 2011, que contém os cortes, deve ser votado pelo Legislativo amanhã.
Essa foi a primeira greve geral convocada pelas duas centrais sindicais do país, a Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses e a União Geral dos Trabalhadores, desde 1988.

UNIVERSIDADES
No Reino Unido, o protesto foi de estudantes universitários, que marcharam em várias cidades do país contra o aumento das anuidades.
Hoje, o limite que as universidades podem cobrar dos estudantes é de £ 3.290 (cerca de R$ 8.700) por ano. O governo quer elevar esse valor para £ 9.000 (R$ 23.700), reduzindo assim o subsídio ao setor.
O maior protesto foi em Londres, onde cerca de 20 mil pessoas se reuniram no centro da cidade. Eles foram para a sede do governo, onde a polícia os impediu de entrar nos prédios.
Houve confronto, mas desta vez a polícia estava em maior número e mais preparada (com escudos e capacetes) do que há duas semanas, quando outra manifestação de estudantes resultou em destruição de parte do prédio onde fica a sede do Partido Conservador, que governa o país.
Apesar de manifestantes danificarem um veículo da polícia e de 29 pessoas terem sido detidas, o protesto desta vez foi mais pacífico.
Mais uma vez foi possível ver o que pode ser considerado ironia ou recato dos estudantes britânicos: centenas de placas continham os dizeres "f**k fees", algo como "f**am-se as anuidades". (VM)


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