São Paulo, quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

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Usineiros fazem lobby contra novas empresas

Produtores da região de Ribeirão Preto dizem que há escassez de cana

Uma das táticas é fechar contratos antecipados com fornecedores e deixar a concorrência sem cana para moer

MARCELO TOLEDO
EDITOR-ASSISTENTE DA FOLHA RIBEIRÃO

Usineiros da região de Ribeirão Preto (interior de São Paulo) fazem lobby contra a instalação de novas usinas no nordeste do Estado.
Os produtores do mais tradicional polo do setor sucroalcooleiro do país alegam principalmente escassez de matéria-prima.
Além de a região já ter 56 usinas de açúcar e álcool, 12,73% do total do país, os produtores dizem que as unidades têm capacidade instalada de moagem superior à produção anual.
Três usineiros ouvidos pela Folha afirmaram, reservadamente, que há empecilhos para o funcionamento de mais uma unidade.
E que, para evitar concorrência, têm fechado contratos adiantados com produtores de cana, para evitar perder fornecedores e, também, desestimular o surgimento de novas usinas.
A estimativa é que as quatro regiões administrativas da macrorregião (Ribeirão, Franca, Central e Barretos) tenham moído 150 milhões de toneladas de cana nesta safra, mas poderiam chegar a 200 milhões, caso não faltasse matéria-prima.
Um dos usineiros, que não quis se identificar, disse que a região está saturada e que uma eventual nova usina teria que buscar cana fora.
Buscar cana fora significaria deslocar caminhões a até cem quilômetros, o que reduz o lucro -o ideal é, no máximo, 70 quilômetros.
O lobby atinge a CEC (Companhia Energética Cravinhos), vizinha a Ribeirão e que prevê iniciar as atividades em 2012.
Em "área de influência" de gigantes como a São Martinho (Pradópolis) e a Pedra (Serrana), ela enfrenta ainda resistência de ambientalistas, por causa do aquífero Guarani.
Para o empresário Maurilio Biagi Filho, é "ótimo" que a região esteja saturada. "Não é lobby, mostra a força da região."
A diretoria da CEC informou que "a cana existe" e que tem parceiros comprometidos com o projeto.
Para Antonio de Padua Rodrigues, diretor-técnico da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), a dificuldade é a concentração de unidades, mas não há veto.


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