São Paulo, quarta-feira, 26 de maio de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Crises na Europa e Coreia derrubam Bolsa

Temor de conflito na Ásia e de calote de europeus leva Bovespa a recuar 1,2%; Itália anuncia corte de gastos

Ações das instituições financeiras tiveram algumas das piores perdas no pregão de ontem da Bolsa de SP

EPAMINONDAS NETO
DE SÃO PAULO

As ações de bancos foram as mais castigadas na rodada de negócios de ontem da Bolsa de Valores brasileira, refletindo o temor generalizado entre investidores de que a crise da zona do euro ganhe novos contornos.
A intervenção do BC espanhol sobre uma pequena instituição financeira ainda repercute, devido ao temor de que os problemas fiscais dos países contaminem o setor bancário, num continente em que os bancos de um país estão carregados de dívidas das nações vizinhas.
As preocupações com a capacidade dos governos europeus de manter as suas dívidas em dia continuam a influenciar no comportamento dos investidores. Ontem foi a vez de a Itália anunciar plano para cortar gastos, de 24 bilhões em dois anos, repetindo o exemplo de países como Espanha, Grécia e Portugal.
O governo Berlusconi pretende, entre outras medidas, congelar o salário do funcionalismo por três anos e cortar os ganhos dos trabalhadores mais graduados. Tudo isso para reduzir o deficit para 2,7% do PIB em 2012, ante 5,3% no ano passado.
Além da Europa, a tensão entre Coreia do Sul e Coreia do Norte não ajudou a acalmar os ânimos. A perspectiva de um confronto, embora pouco provável neste momento, reforçou a opção pela cautela entre os investidores.
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) refletiu de ponta a ponta esse quadro. Pela manhã, as Bolsas asiáticas e europeias desabavam, e o principal índice brasileiro de ações (o Ibovespa) chegou a cair 3% no pior momento dia. O "tombo" da Bolsa ficou um pouco mais suave à medida que os mercados norte-americanos também reduziram as suas perdas.
O índice Dow Jones, de Nova York, encerrou o pregão com baixa de 0,23%. O Ibovespa recuou 1,22%. Na Europa, a Bolsa de Londres se desvalorizou em 2,54%.
Com o setor bancário em destaque, foram justamente as ações das instituições financeiras que tiveram algumas das piores perdas no dia na Bovespa. A "unit" (recibo de ações) do grupo Santander retrocedeu 5,90%; a ação preferencial do Itaú Unibanco caiu 2,46%, enquanto o papel do Bradesco teve baixa de 4,08%.
"O problema ainda é Europa. E creio que o mercado tende a ficar ainda mais seletivo no curto prazo. Nós temos que lembrar que o noticiário sobre o setor bancário não foi nada positivo nas últimas semanas", diz Expedito Araújo, da mesa de operações da Alpes Corretora.
Os negócios com a moeda americana também refletiram o nervosismo generalizado. A taxa de câmbio se aproximou de R$ 1,92, mas perdeu ímpeto no final da tarde, cravando R$ 1,868 no fechamento (avanço de 0,21% ante o dia anterior).


Texto Anterior: Vaivém - Mauro Zafalon: Para pecuarista, setor ainda tem de evoluir muito
Próximo Texto: Mercado: Alemanha quer mais controle
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.