São Paulo, quinta-feira, 26 de maio de 2011

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ANÁLISE CARNES

Pecuária premia os produtores que investem em qualidade

PAULO DE CASTRO MARQUES
ESPECIAL PARA A FOLHA

O mercado da carne bovina está mudando. E para melhor. Alguns indicadores comprovam que o produtor que utiliza boa genética obtém remuneração superior, compensando amplamente os investimentos feitos, e esse fator contribui para o aumento da oferta de proteína de qualidade.
O efeito multiplicador é claro, com o consumidor final aceitando pagar mais pelo produto que ele identifica como diferenciado.
Está provado que, com preços favoráveis por seus animais, o pecuarista, no início dessa cadeia, aposta mais no negócio, seja selecionando melhor a base genética utilizada, seja cuidando com mais esmero da gestão -e isso inclui o manejo sanitário e nutricional, por exemplo.
Há alguns dias, a Associação Nacional dos Confinadores divulgou levantamento apontando para o aumento de 31% na expectativa de confinamento em 2011.
Essa técnica é extremamente delicada e envolve uma série de riscos. Ou seja, só profissionais investem no confinamento.
Se a expectativa é positiva, significa que a perspectiva de remuneração pelo boi gordo compensa.
A Associação Brasileira de Angus também captou sinal verde do mercado de bezerros em vários leilões realizados nas últimas semanas no Rio Grande do Sul.
Além da grande procura, os animais angus foram bem comercializados, obtendo prêmios sobre os valores médios praticados no Estado.
Avaliando com atenção o segmento de carnes, as grandes marcas têm tido problemas em colocar à disposição dos consumidores seus produtos premium ou superpremium em quantidade suficiente para atender à demanda. Ou seja: há mais procura do que oferta nesse nicho.
São elos que se encontram e ajudam a fortalecer a cadeia da carne bovina. Em duas semanas, será realizada em São Paulo a Feicorte, uma das mais importantes mostras pecuárias do país.
De bom humor, o pecuarista irá em peso à feira e com dupla disposição: mostrar seu investimento em genética e comprar animais que o ajudem a intensificar ainda mais seu projeto.
Isso significa que os selecionadores que fizeram investimentos no passado serão recompensados com boas cotações.
O que é muito bom para renovar o ânimo daqueles que já sofreram por ser profissionais em uma atividade em que, incrivelmente, os segmentos de intersecção não se conversam sempre. Pelo contrário, muitas vezes seguem em posições diferentes.
Felizmente, a sensação é que essa situação também está mudando. Não no ritmo do mercado, mas já aparecem exemplos de parceria produtor-indústria que renovam o otimismo.

PAULO DE CASTRO MARQUES é empresário, pecuarista, proprietário da Casa Branca Agropastoril, especializada na criação de gado angus, brahman e simental sul-africano, e presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA).


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