São Paulo, terça-feira, 26 de julho de 2011

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Sem reajuste, Petrobras adia projetos e faz vendas

Empresa deixa investimento em refinarias para o período de 2016 a 2020

Estatal prioriza se desfazer de negócios no exterior; Gabrielli espera concluir maior parte deles em 2 anos

PEDRO SOARES
DO RIO

Sem poder contar com o reajuste dos combustíveis -vetado pelo governo-, a Petrobras adiou investimentos de R$ 44 bilhões, que deveriam começar até 2015, e buscar compradores para R$ 23,5 bilhões em ativos (participações em campos, subsidiárias e unidades de produção).
Os R$ 67,5 bilhões correspondem a 17% do plano de negócios da companhia de 2011 a 2015: R$ 388,9 bilhões (ou US$ 224,7 bilhões).
Dos projetos adiados, o mais importante é a refinaria "premium" do Maranhão, com capacidade de 300 mil barris/dia e investimento estimado em R$ 20 bilhões. A operação deve começar agora em 2016, dois anos mais tarde, quando o país estará ainda mais dependente das importações de combustíveis.
Pelos cálculos da Petrobras, as compras do exterior vão crescer em razão do forte crescimento do consumo. O deficit é projetado em mais de 400 mil barris/dia.
Segundo analistas, a estatal optou por manter projetos de exploração e produção -que geram caixa mais rapidamente- e adiar os de refino, que têm margens menores e demoram mais a dar retorno.
O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, disse, porém, que investir em refino é estratégico -o resultado é melhor na venda de combustíveis no país do que na de óleo bruto no exterior.
A ideia, diz, é acelerar os planos no período de 2016 a 2020, período para o qual estão planejadas duas novas refinarias e mais a segunda fase do projeto de Comperj.
Outro grande plano adiado foi o de uma unidade de conversão de gás em líquido em alto-mar para possibilitar o transporte de gás do pré-sal. O gás de Lula e dos outros primeiros campos do pré-sal da bacia de Santos serão trazidos ao continente por um gasoduto de cerca de 300 km, cujo traçado está em estudo.
Na área de gás, porém, o plano de construir três fábricas de fertilizantes (amônia e ureia), que consumirão US$ 5,9 bilhões até 2015, foi mantido diante da urgência de dar um destino para a crescente produção de gás do pré-sal.

DOIS ANOS
Sobre a venda de ativos, Gabrielli disse que ela vai se concentrar no exterior. A estatal espera se desfazer da maior parte dos empreendimentos em dois anos.
Pressionada pelo governo, a Petrobras manteve quase inalterado seu plano de investimentos (com crescimento de apenas US$ 700 milhões), mas, na prática, vai aplicar menos recursos em projetos do que no programa anterior (2010-2014).
É que, com o câmbio desfavorável, a empresa vai investir menos em reais, já que a valorização da moeda brasileira tornou os investimentos mais caros em real em relação ao dólar -moeda de referência do plano de investimento. De um plano para o outro, houve uma redução de R$ 11,4 bilhões.


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