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Cortar gasto não freia real, diz Mantega
Para ministro, seria equívoco fazer ajuste para criar condição de reduzir juros e, por consequência, conter queda do dólar
Economistas dizem que diminuição de gastos desaqueceria economia e frearia a inflação, o que reduziria os juros
NEY HAYASHI DA CRUZ
MÁRIO SÉRGIO LIMA
DE BRASÍLIA
O ministro da Fazenda,
Guido Mantega, disse ontem
que não há relação entre os
gastos do governo federal e a
taxa básica de juros.
Dessa forma, afirmou, seria um "equívoco" promover
um aperto fiscal com a finalidade de criar condições para
um corte da taxa Selic, o que
poderia brecar a valorização
do real.
Para ele, os juros variam
apenas de acordo com a inflação, que, por sua vez, não
está sendo afetada por despesas públicas. "Não tem nada a ver uma coisa com a outra", afirmou Mantega.
"Essa história de dizer:
"Faz ajuste fiscal que vai baixar o juro" é um equívoco, é
não entender o sistema de
metas de inflação. Haveria
necessidade de ajuste se você tivesse com a inflação subindo por causa da demanda
pública. Não é o caso."
Economistas do setor privado afirmam que a redução
dos gastos públicos desaqueceria a economia e reduziria
as pressões inflacionárias,
permitindo corte nos juros.
Com a queda na taxa, os
investimentos estrangeiros
em renda fixa, favorecidos
pelos juros altos do país, perderiam a atratividade. Isso
poderia reduzir a entrada de
capital externo e, consequentemente, estancar a valorização excessiva do real.
Ontem, o dólar caiu
0,46%, cotado a a R$ 1,701.
ARSENAL
Mantega sinalizou ainda
que o governo ainda não
usou os principais dispositivos para a questão do câmbio. "O governo tem um arsenal com armas de todos os
calibres. A de grosso calibre
ainda não foi usada", afirmou, sem anunciar qual seria essa medida.
Ele comemorou o fato de
que a questão da guerra cambial deve ser um importante
fator na pauta do encontro de
cúpula do G20, em duas semanas, em Seul.
Segundo Mantega, foram
vários os movimentos adotados pelos países para impedir a valorização das moedas
e favorecer as exportações.
Ele afirmou que, com o reconhecimento, é mais fácil
que o encontro de cúpula do
G20 possa trazer resoluções
internacionais para o tema.
"Falei com o [secretário do
Tesouro norte-americano] Timothy Geithner e fiquei muito feliz ao ouvi-lo dizer que
está comprometido com um
dólar forte. Dessa forma, ganha argumentos para cobrar
os chineses", afirmou.
Mantega ainda comemorou o fato de o Brasil ter atingido a décima posição entre
os maiores cotistas do FMI. A
participação brasileira nas
cotas do organismo passou
de 1,78% para 2,32%.
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