São Paulo, terça-feira, 26 de outubro de 2010

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Cortar gasto não freia real, diz Mantega

Para ministro, seria equívoco fazer ajuste para criar condição de reduzir juros e, por consequência, conter queda do dólar

Economistas dizem que diminuição de gastos desaqueceria economia e frearia a inflação, o que reduziria os juros

NEY HAYASHI DA CRUZ
MÁRIO SÉRGIO LIMA
DE BRASÍLIA

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que não há relação entre os gastos do governo federal e a taxa básica de juros.
Dessa forma, afirmou, seria um "equívoco" promover um aperto fiscal com a finalidade de criar condições para um corte da taxa Selic, o que poderia brecar a valorização do real.
Para ele, os juros variam apenas de acordo com a inflação, que, por sua vez, não está sendo afetada por despesas públicas. "Não tem nada a ver uma coisa com a outra", afirmou Mantega.
"Essa história de dizer: "Faz ajuste fiscal que vai baixar o juro" é um equívoco, é não entender o sistema de metas de inflação. Haveria necessidade de ajuste se você tivesse com a inflação subindo por causa da demanda pública. Não é o caso."
Economistas do setor privado afirmam que a redução dos gastos públicos desaqueceria a economia e reduziria as pressões inflacionárias, permitindo corte nos juros.
Com a queda na taxa, os investimentos estrangeiros em renda fixa, favorecidos pelos juros altos do país, perderiam a atratividade. Isso poderia reduzir a entrada de capital externo e, consequentemente, estancar a valorização excessiva do real.
Ontem, o dólar caiu 0,46%, cotado a a R$ 1,701.

ARSENAL
Mantega sinalizou ainda que o governo ainda não usou os principais dispositivos para a questão do câmbio. "O governo tem um arsenal com armas de todos os calibres. A de grosso calibre ainda não foi usada", afirmou, sem anunciar qual seria essa medida.
Ele comemorou o fato de que a questão da guerra cambial deve ser um importante fator na pauta do encontro de cúpula do G20, em duas semanas, em Seul.
Segundo Mantega, foram vários os movimentos adotados pelos países para impedir a valorização das moedas e favorecer as exportações.
Ele afirmou que, com o reconhecimento, é mais fácil que o encontro de cúpula do G20 possa trazer resoluções internacionais para o tema.
"Falei com o [secretário do Tesouro norte-americano] Timothy Geithner e fiquei muito feliz ao ouvi-lo dizer que está comprometido com um dólar forte. Dessa forma, ganha argumentos para cobrar os chineses", afirmou.
Mantega ainda comemorou o fato de o Brasil ter atingido a décima posição entre os maiores cotistas do FMI. A participação brasileira nas cotas do organismo passou de 1,78% para 2,32%.


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