São Paulo, sexta-feira, 26 de novembro de 2010

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Setor de ferro-gusa se une contra crise

Empresas do Maranhão e Pará vendem 147 mil toneladas à China, no primeiro grande embarque desde 2008

Estratégia de fechar grande navio reduziu custo de frete; setor ainda opera com 30% da capacidade instalada

Divulgação/Agência Vale
Pátio de estocagem de ferro-gusa do porto de Ponta da Madeira (MA); Vale cedeu píer em terminal privativo para usinas

TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO

O Brasil fará o maior embarque de ferro-gusa da história na próxima semana -o gusa é um metal obtido no processo de transformação do minério de ferro em aço.
Cinco empresas do chamado "sistema norte" de produção enviarão um navio com 147 mil toneladas de gusa à China -destino também inédito para essas usinas.
Mas não foi a expansão das atividades que levou as médias empresas maranhenses Viena, Gusa Nordeste, Margusa e Fergumar, além da paraense Sidepar, a esse novo desafio. Pelo contrário, elas se uniram para sobreviver no mercado.
Desde a crise de 2008, as usinas de gusa do Norte do país praticamente não exportam. Altamente dependentes dos EUA, elas tiveram contratos quebrados na época e ainda não conseguiram retomar os embarques.
Com as grandes siderúrgicas brasileiras atendidas pelas usinas do "sistema sul" (Minas Gerais, Espírito Santo e Mato Grosso) e um alto custo de frete para exportar aos países da Ásia, o nível de atividade caiu drasticamente.
Dos 40 altos-fornos (onde é produzido o gusa) instalados no Pará e Maranhão, hoje apenas 16 estão ligados e operam apenas com metade de sua capacidade instalada.
"Com o acesso ao mercado asiático viável, vemos uma luz no fim do túnel", afirma Claudio Azevedo, presidente do Sifema (Sindicato das Empresas de Ferro-Gusa do Maranhão).
O embarque das 147 mil toneladas só será possível graças a uma parceria das usinas com a Vale, principal fornecedora de minério de ferro para essas empresas.
Como os outros portos da região não têm porte para a atracação de um navio "capesize", como o que levará o gusa à China, a Vale cedeu o píer II do porto privativo de Ponta da Madeira, em São Luís (MA), para as usinas.
A estratégia resultou em uma economia de US$ 20 (R$ 34,40) por tonelada transportada. "Essa parceria entre as usinas para embarcar uma carga maior é o modelo a ser seguido para o setor retomar suas atividades", diz o presidente do Sifema.

A CRISE CONTINUA
A forte queda de demanda apresentada pelas siderúrgicas americanas não é o único problema enfrentado pelos produtores de ferro-gusa.
A valorização do real e a alta do preço do minério de ferro prejudicam a rentabilidade das usinas e contribuem para a ociosidade do setor, que hoje opera com cerca de 30% da capacidade instalada, segundo Azevedo.
Em Minas Gerais, responsável por 60% da produção de ferro-gusa do país, as usinas trabalham com metade da capacidade histórica, apesar de também fornecerem o produto para as siderúrgicas do mercado interno.
"O baixo preço da sucata, comparado ao gusa, diminuiu o interesse das siderúrgicas pelo produto", diz Paulino Cícero, do Sindifer (sindicato da indústria do ferro de Minas). Na produção de aço, o gusa pode ser substituído em parte por sucata.


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