São Paulo, quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Mudança na Oi dá alto ganho a acionistas

Em um dos negócios mais rentáveis do setor, fundos de pensão lucraram 85% ao revender suas ações à Portugal Telecom

Aquisição é estratégica para portugueses, que querem 100 milhões de clientes, além de 2/3 dos negócios fora da sede

ELVIRA LOBATO
DO RIO

O ingresso da Portugal Telecom no bloco de acionistas controladores da Oi deu aos sócios brasileiros da tele um dos negócios mais rentáveis vistos no setor.
Os fundos de pensão estatais Petros (dos empregados da Petrobras) e Funcef (dos funcionários da Caixa Econômica Federal) lucrarão 85%, descontada a inflação.
Em junho do ano passado, os dois fundos compraram 14,47% do capital da Telemar, empresa mãe do grupo Oi, em um leilão da BNDESPar (BNDES Participações), e pagaram R$ 2,15 por ação.
Ontem, depois de seis meses de discussão, o grupo português comprou parte das ações dos fundos, ao preço de R$ 4,08 por ação. A diferença sobre o preço do leilão é de 89,7%, para uma inflação de 3,14% no período.
O negócio foi ainda mais rentável para os grupos La Fonte (Jereissati) e Andrade Gutierrez, que têm o controle da gestão do grupo Oi.
Cada um deles receberá da PT R$ 540 milhões pelo compromisso de, nos próximos cinco anos, não venderem a AG Telecom (da Andrade Gutierrez) e a LF Tel (La Fonte) para qualquer outro grupo.
Segundo Otávio Azevedo, do grupo Andrade Gutierrez, essa cláusula -"lock up" (trancar, em inglês)-, é normal em grandes corporações.
Os portugueses também veem a compra da participação acionária na Oi como um grande negócio. O presidente-executivo da PT, Zeinal Bava, e o presidente do Conselho de Administração, Henrique Granadero, vieram ao Brasil para o anúncio da conclusão das negociações.
Segundo Bava, a aquisição é estratégica para a PT, que quer 100 milhões de clientes no Brasil e dois terços de seus negócios fora de Portugal.

O NEGÓCIO
A Portugal Telecom terá participação acionária na Telemar Participações de 12,07%, e não mais de 10%, como chegou a ser anunciado no ano passado. Essa participação custará à PT R$ 5,1 bilhões, em duas etapas.
Na primeira, já concretizada, ela comprou 261,6 milhões de ações da Petros, Funcef e da BNDESPar, por R$ 1,07 bilhão -equivalente a 9,6% da holding.
Paralelamente, comprou 35% das controladoras AG Telecom e LF Tel. Nessa operação vai desembolsar R$ 3,16 bilhões, já incluindo os R$ 540 milhões para cada cláusula de "lock up".
A segunda etapa terá aumento de capital na holding, do qual os fundos de pensão e a BNDESPar não participarão para que a PT alcance os 12,07% pretendidos.
Feitos os acertos na holding, os acionistas controladores proporão aos minoritários um aumento de capital de R$ 12 bilhões, do qual a Portugal Telecom se propõe a participar até o limite de R$ 3,25 bilhões. Se essa previsão se concretizar, a PT chegará a um investimento total de R$ 8,32 bilhões na Oi.


Texto Anterior: Vinicius Torres Freire: Mudanças climáticas na política
Próximo Texto: Internet 1: Hackers invadem e adulteram perfil de fundador do Facebook
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.