São Paulo, sexta-feira, 27 de agosto de 2010

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União usará novas áreas na capitalização

Governo deverá incluir na operação da Petrobras área vizinha ao reservatório de Libra para completar 5 bi de barris

Preço do barril ainda não é consenso entre estatal e governo, que aposta em US$ 8; valor pode sair na segunda

Sergio Lima/Folhapress
O presidente Lula conversa com Erenice Guerra, ministra-chefe da Casa Civil, durante cerimônia da assinatura do contrato de concessão de Belo Monte

VALDO CRUZ
SOFIA FERNANDES
DE BRASÍLIA

Além dos reservatórios de Franco e de áreas próximas ao campo de Tupi na camada do pré-sal, a União deve usar pelo menos mais uma terceira área de acumulação de petróleo na capitalização da Petrobras.
Segundo a Folha apurou, o governo deve incluir na operação uma área vizinha ao reservatório de Libra para completar os 5 bilhões de barris que serão usados para o aumento de capital da União na estatal.
Em relação ao preço do barril, a ministra Erenice Guerra (Casa Civil) disse ontem que ele não sairá nesta semana, podendo ser definido na próxima segunda-feira. "Se estiver maduro, sai na segunda", disse, acrescentando que, se não houver consenso, levará o "tempo que for necessário".
Por enquanto, o governo trabalha para fixar o preço do barril em algo acima de US$ 8. A Petrobras defende valor menor, não superior a US$ 7.
O risco é o governo não chegar a uma posição de consenso, o que pode adiar a capitalização da estatal, prevista para o dia 30 de setembro.
A área política, por sinal, defende o adiamento, mas a técnica trabalha para manter o cronograma.
A decisão será do presidente Lula, que aguarda o final das negociações entre os técnicos em torno dos laudos da Petrobras e da ANP, contratados para avaliar o preço e o volume do petróleo que entrará na capitalização. Os dois chegaram a resultados divergentes.
No caso do volume das reservas, a decisão de incluir uma terceira área ocorreu após governo e Petrobras cederem em suas avaliações sobre o petróleo existente nas reservas que serão usadas na capitalização, localizadas na bacia de Santos.

LAUDOS DIVERGEM
Enquanto o laudo da Petrobras estimou em 2,5 bilhões de barris o potencial do reservatório de Franco, a ANP (Agência Nacional de Petróleo) calculou que as reservas podem superar 4,5 bilhões de barris.
Segundo a Folha apurou, depois das negociações, o acordo pode apontar que o potencial desse futuro campo ficará acima de 3,5 bilhões de barris. Para atingir os 5 bilhões de barris que o governo usará na capitalização, serão incluídas as áreas vizinhas de Tupi e de Libra.
Nos próximos dias, técnicos do governo vão analisar os laudos das certificadoras contratadas pela ANP e pela Petrobras. Nas reuniões realizadas anteontem, houve apenas uma apresentação oral dos dois laudos.
Sobre o preço, se ele for fixado em US$ 8, o governo terá cerca de US$ 40 bilhões para usar na operação. Com isso, terá recursos suficientes para bancar sua parte no negócio -detém 32% do capital- e ainda comprar novas ações de minoritários que desistam de participar.
O valor de US$ 8 é um meio termo entre as avaliações da ANP (US$ 10 e US$ 12) e da Petrobras (US$ 5 e US$ 6).


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