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Ação da Petrobras estreia hoje na Bolsa
Papéis podem não ter alta nos primeiros dias
TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO
As novas ações da Petrobras, emitidas na maior capitalização já feita, estreiam
hoje na BM&FBovespa com
desafio ao "sangue frio" e à
paciência do pequeno investidor de varejo.
Temido nas ofertas públicas por sua visão de curto
prazo, o investidor pessoa física que obteve as novas
ações poderá ficar tentado a
vendê-las para embolsar o
eventual ganho já obtido.
O problema é que os papéis podem não ter força para subir logo nos primeiros
dias, especialmente se a demanda dos fundos de pensão
e de investimento tiver sido
totalmente esgotada na oferta de ações da Petrobras.
Se tiver dificuldades para
vender, o pequeno investidor
pode derrubar hoje o valor
das novas ações da Petrobras
na BM&FBovespa.
"Pode ter só gente querendo vender esse papel", disse
Ricardo Almeida, professor
de finanças do Insper.
Com forte apelo popular
por conta da experiência do
FGTS, que rendeu mais de
800% desde 2000, os investidores de varejo aderiram em
peso à oferta da estatal.
A expectativa dos bancos
coordenadores era que até
400 mil pessoas tivessem
participado da operação.
Gigante, a capitalização
despejou um lote imenso de
novos papéis no mercado,
que pode demorar para absorvê-los completamente.
Os maiores compradores
de ações da Petrobras foram
fundos de pensão e de investimento de longo prazo, que
não costumam negociar
ações diariamente na Bolsa.
Em meio a dúvidas, as
ações podem repetir hoje a
trajetória errática e instável
da sexta-feira, quando chegaram à Bolsa de Nova York.
No encerramento dos negócios, os papéis ON (com
voto) recuaram 2,19% e os PN
(sem voto) caíram 1,88% na
Bolsa americana. No Brasil, o
desempenho não foi diferente: quedas de 1,98% para os
ON e de 1,87% para os PN,
que têm mais liquidez.
PANES
Além da preocupação com
a demanda, há ainda o temor
de que os sistemas eletrônicos das corretoras fiquem sobrecarregados com o eventual excesso de ordens do varejo, como ocorreu em 2007,
na estreia da antiga BM&F.
À época, a grande procura
fez com que cada pequeno
investidor levasse menos de
cem papeis, no valor de
R$ 1.800. O excesso de pequenas ordens levou ao congestionamento nas redes.
A BM&FBovespa descarta
qualquer limitação técnica e
afirma que está totalmente
preparada para suportar excesso de ordens resultantes
da oferta da Petrobras.
Em 2007, a Bolsa tinha em
média 390 mil negócios por
dia, enquanto hoje já processa mais de 1,5 milhão.
Na avaliação da CMA, empresa cujas redes processam
transações eletrônicas, o volume de negócios deve aumentar mais de 100% hoje
com a chegada das novas
ações. Para contornar eventuais problemas, a CMA decidiu duplicar as velocidades
de links de comunicação dos
clientes com a Bolsa.
"Se os sistemas ficarem
lentos ou travarem por alguns segundos, podemos ter
problemas com milhares de
investidores. Esse é o tamanho da responsabilidade",
afirma Ricardo Juan, gerente
de redes digitais da CMA.
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