São Paulo, sábado, 27 de novembro de 2010

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Em meio a desconfiança, Espanha diz estar sólida

José Luis Zapatero afirma que perderá dinheiro quem apostar contra o país

Bolsa de Madri tem maior queda semanal desde maio; Portugal aprova Orçamento com corte de despesas

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES

O governo espanhol resolveu agir e tentar afrontar investidores, que temem que o país possa ter de recorrer a empréstimo do FMI e da União Europeia para honrar suas dívidas.
O presidente de governo, José Luis Rodríguez Zapatero, disse que o país não pedirá empréstimos, que as contas estão em ordem, que os bancos estão sólidos e que perderá dinheiro aqueles que apostarem contra o país.
Nos últimos dias, os juros pedidos para a negociação de títulos espanhóis atingiram os maiores níveis desde o início do euro, em 1999. O país teve de pagar mais de 5% ao ano em títulos de dez anos. É mais que o dobro do cobrado da Alemanha -referência do mercado.
É um sinal da desconfiança dos mercados. Ontem, o risco-país, que mede a confiança dos investidores, começou o dia em alta, caiu após a fala de Zapatero, mas fechou a semana no mesmo nível de anteontem.
A Bolsa espanhola teve queda de 1,8%. Na semana, a perda atingiu 7%. Foi a pior semana para as ações desde maio, no auge da crise grega.
A queda das ações nos bancos (10% na semana) foi a grande responsável pela desvalorização nas Bolsas.
Talvez por isso, o BC espanhol também resolveu agir para acalmar os mercados. Disse que irá exigir dos bancos mais transparência para deixar claro que não correm risco de quebrar.

GIGANTE
A Espanha é vista como fundamental para a sobrevivência do euro, a moeda única do continente.
Economistas afirmam que a União Europeia tem condições de socorrer a Grécia, como fez em maio ( 110 bilhões, R$ 253 bilhões), a Irlanda (que ainda negocia valores, mas deve fechar em algo perto de 90 bilhões, R$ 207 bilhões) e até Portugal, que muitos acreditam ser o próximo da fila.
Mas a Espanha é a quarta maior economia da zona do euro (atrás de Alemanha, França e Itália), e seu PIB é maior que a soma dos de Grécia, Irlanda e Portugal.
O problema é que, assim como faz Zapatero agora, o primeiro-ministro irlandês, Brian Cowen, passou também dias e dias afirmando que o país não precisava de empréstimos, que as contas estavam em ordem. Depois, teve de admitir que os problemas eram sérios e que necessitava de ajuda externa.
É claro que há mais diferenças que semelhanças entre os países: a dívida da Espanha é menor, e a situação dos seus bancos, ao menos dos grandes, é muito melhor que a dos irlandeses.
Ontem, o governo da Irlanda teve novo revés. Perdeu a eleição que disputava para uma das cadeiras vagas no Parlamento.
Com isso, fica ainda mais apertada a maioria governista no Legislativo (apenas dois votos). Em dezembro, o governo terá de contar com essa maioria para aprovar seu Orçamento de 2011.
A proposta inclui corte de benefícios e de servidores e aumento de impostos.
Em Portugal, o Legislativo aprovou ontem o Orçamento do governo. Também lá, cortes no salário do funcionalismo e aumento de impostos.
Tudo para conter o deficit e recuperar a confiança dos investidores.


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