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Em meio a desconfiança,
Espanha diz estar sólida
José Luis Zapatero afirma que perderá dinheiro quem apostar contra o país
Bolsa de Madri tem maior queda semanal desde maio; Portugal aprova Orçamento
com corte de despesas
VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES
O governo espanhol resolveu agir e tentar afrontar investidores, que temem que o
país possa ter de recorrer a
empréstimo do FMI e da
União Europeia para honrar
suas dívidas.
O presidente de governo,
José Luis Rodríguez Zapatero, disse que o país não pedirá empréstimos, que as contas estão em ordem, que os
bancos estão sólidos e que
perderá dinheiro aqueles que
apostarem contra o país.
Nos últimos dias, os juros
pedidos para a negociação
de títulos espanhóis atingiram os maiores níveis desde
o início do euro, em 1999. O
país teve de pagar mais de
5% ao ano em títulos de dez
anos. É mais que o dobro do
cobrado da Alemanha -referência do mercado.
É um sinal da desconfiança dos mercados. Ontem, o
risco-país, que mede a confiança dos investidores, começou o dia em alta, caiu
após a fala de Zapatero, mas
fechou a semana no mesmo
nível de anteontem.
A Bolsa espanhola teve
queda de 1,8%. Na semana, a
perda atingiu 7%. Foi a pior
semana para as ações desde
maio, no auge da crise grega.
A queda das ações nos
bancos (10% na semana) foi
a grande responsável pela
desvalorização nas Bolsas.
Talvez por isso, o BC espanhol também resolveu agir
para acalmar os mercados.
Disse que irá exigir dos bancos mais transparência para
deixar claro que não correm
risco de quebrar.
GIGANTE
A Espanha é vista como
fundamental para a sobrevivência do euro, a moeda única do continente.
Economistas afirmam que
a União Europeia tem condições de socorrer a Grécia, como fez em maio ( 110 bilhões, R$ 253 bilhões), a Irlanda (que ainda negocia valores, mas deve fechar em algo perto de 90 bilhões,
R$ 207 bilhões) e até Portugal, que muitos acreditam
ser o próximo da fila.
Mas a Espanha é a quarta
maior economia da zona do
euro (atrás de Alemanha,
França e Itália), e seu PIB é
maior que a soma dos de Grécia, Irlanda e Portugal.
O problema é que, assim
como faz Zapatero agora, o
primeiro-ministro irlandês,
Brian Cowen, passou também dias e dias afirmando
que o país não precisava de
empréstimos, que as contas
estavam em ordem. Depois,
teve de admitir que os problemas eram sérios e que necessitava de ajuda externa.
É claro que há mais diferenças que semelhanças entre os países: a dívida da Espanha é menor, e a situação
dos seus bancos, ao menos
dos grandes, é muito melhor
que a dos irlandeses.
Ontem, o governo da Irlanda teve novo revés. Perdeu a
eleição que disputava para
uma das cadeiras vagas no
Parlamento.
Com isso, fica ainda mais
apertada a maioria governista no Legislativo (apenas
dois votos). Em dezembro, o
governo terá de contar com
essa maioria para aprovar
seu Orçamento de 2011.
A proposta inclui corte de
benefícios e de servidores e
aumento de impostos.
Em Portugal, o Legislativo
aprovou ontem o Orçamento
do governo. Também lá, cortes no salário do funcionalismo e aumento de impostos.
Tudo para conter o deficit
e recuperar a confiança dos
investidores.
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