São Paulo, sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

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FOCO

Hugo Chávez faz ameaças a presidente de banco na TV

FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS

"O senhor tenha cuidado com o que me responde", disse o presidente Hugo Chávez a Pedro Rodríguez, presidente do Banco Provincial, a filial do espanhol BBVA na Venezuela.
"Porque o senhor diz que o banco não está à venda, mas eu posso expropriá-lo agora, imediatamente, se quiser."
Foi uma ameaça ao vivo -em cadeia de rádio e TV- e por telefone e o clímax de um quase bate-boca de cinco minutos que eletrizou analistas financeiros e correntistas comuns do banco anteontem.
Tudo começou quando, num evento com clientes de crédito imobiliário supostamente enganados, uma mulher reclamou do Provincial.
Chávez pediu que ligassem para Rodríguez. "Alô, Rodríguez, é o presidente Chávez, como o senhor sabe.
Estamos em cadeia nacional [...] Vou lhe repetir: ou cumpre a lei ou comece o senhor a me entregar o banco. Pago o que custar", dizia, sob aplausos.
Rodríguez protestou, contou. Queria que sua voz também fosse ouvida. Chávez disse que era impossível.
O presidente foi se irritando -"não vou discutir com o senhor"- até fazer a ameaça concreta. Enquanto isso, e nas horas depois, o banco entrou para os temas mais comentados do Twitter na Venezuela e seguia ontem.
Segundo correntistas, o site do banco chegou a colapsar logo após a contenda. O Estado controla 25% da banca venezuelana. A compra mais expressiva foi a do espanhol Santander, em 2009 -o governo chegou a um acordo com o grupo.
Em dezembro, o Legislativo aprovou lei que permite expropriar instituições financeiras por "interesse nacional" e os obriga a destinar 5% do faturamento bruto para projetos comunais.
A maior parte dos analistas sustenta que Chávez não quer controlar uma maior fatia do mercado bancário -seu desejo é apertar os controles, uma "nacionalização light". Porém, há casos em que arroubos de irritação do mandatário se transformaram em expropriações.
Ainda anteontem, Chávez voltou à TV para negar que nacionalizaria o banco. Acusou a oposição de querer gerar uma "corrida financeira" "para desestabilizar" o país. E enviou recado ao banqueiro: "Agora, claro, o sr. do banco, o diretor, foi um pouco soberbo. Um pouco soberbo. E eu tive de colocá-lo em seu lugar".
Ato seguido, o presidente do Provincial falou à TV estatal que já havia se reunido com os clientes e que na segunda "no máximo" teriam resolvido o problema.

FOLHA.com

Veja o vídeo de Chávez
folha.com.br/101935


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