São Paulo, sábado, 28 de maio de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

cifras & letras

CRÍTICA ECONOMIA

Só políticas de longo prazo consolidam "virada" do Rio

Olimpíada 2016, pré-sal e polícia pacificadora podem transformar capital

CLAUDIA ANTUNES
DO RIO

É notável que, num livro com foco econômico, a importância de um fato político seja ressaltada por boa parte dos 32 pesquisadores e autoridades que assinam os textos reunidos em "Rio, a Hora da Virada": a boa relação atual entre os governantes da capital fluminense, do Estado e do país.
É provável que esse fenômeno, exceção em décadas de rixas, tenha sido facilitado pelos bons ventos da economia nacional. O fato é que deu contribuição decisiva para a sensação de que é possível superar o estigma de decadência que abate o Rio desde a mudança da capital para Brasília, há cinco décadas.
A interação administrativa é vital num Estado que abriga grandes instituições federais e cuja região metropolitana, com 19 das 93 cidades, concentra 80% da população -e seus problemas. No entanto, se a dita "vontade política" serviu bem à campanha pela Olimpíada 2016, símbolo da "virada", só a consolidação em longo prazo de políticas públicas recém-iniciadas pode selar a recuperação fluminense, dizem os autores.

DEFICIÊNCIAS
Essa recuperação ainda se apoia em dois pontos com grandes fragilidades.
O primeiro é o boom petrolífero, que a partir dos anos 90 irrigou os cofres estaduais com royalties e participações no lucro. Entre 1996 e 2009, essa receita cresceu 50 vezes e hoje só perde para o ICMS, mostra o estudo de Paula Alexandra Nazareth, do Tribunal de Contas do Estado.
Enquanto no Congresso uma batalha sobre o pré-sal ameaça reduzir esse benefício, outro desafio é usar a vantagem petrolífera para avançar em setores correlatos ou não, incluindo as indústrias logística e naval.
O segundo ponto a requerer persistência são as medidas de redução da violência urbana. Iniciadas com a informatização das delegacias, há dez anos, elas só se refletiram no ânimo popular e empresarial com as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), que buscam retomar do narcotráfico e das milícias os territórios ocupados a partir dos anos 1980.

RETOMADA
Em seu artigo, o economista Sérgio Guimarães Ferreira estima que a retomada de todas essas áreas implicará aumento anual permanente de 20% nas despesas da segurança pública -isso quando o Orçamento precisa ser otimizado também para melhorias em educação, saúde e transportes.
O tom otimista do livro não esconde o tamanho do desafio. E deixa por dissecar outras dimensões importantes, como a carência habitacional e a perda de vigor do debate cultural, que no passado fez do Rio caixa de ressonância do Brasil.

RIO, A HORA DA VIRADA

ORGANIZADORES André Urani e Fabio Giambiagi
EDITORA Campus Elsevier
QUANTO R$ 69,90 (272 págs.)
AVALIAÇÃO Bom


Texto Anterior: Cotações/Ontem
Próximo Texto: Bibliográfico
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.