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Estrangeiros têm 1/3 de projetos minerais
Empresas com capital estrangeiro investirão US$ 21 bi até 2014, segundo o Instituto Brasileiro de Mineração
Oferta apertada e preço
alto das commodities
estimulam os aportes;
cresce interesse chinês
pela atividade no Brasil
TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO
O Brasil cresce aos olhos
do mundo no setor mineral.
Dos US$ 62 bilhões que serão
destinados ao setor até 2014,
33% -ou US$ 21 bilhões- terão como origem capital estrangeiro, segundo levantamento do Ibram (Instituto
Brasileiro de Mineração) feito a pedido da Folha.
Em um horizonte mais longo, até 2019, o DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral) prevê investimentos estrangeiros da ordem de US$ 33 bilhões.
A escassez de matérias-primas e o elevado patamar
de preço das commodities estimulam os investimentos.
E a escolha do Brasil para
receber os aportes é apoiada
no elevado potencial de exploração mineral e na segurança institucional do país,
quando comparado a outras
nações com jazidas disponíveis, como as africanas.
"O Brasil tem uma localização estratégica, perto dos
EUA e da Europa, e é um mercado conhecido da China,
grande importadora", diz
Clóvis Torres, vice-presidente da Bahia Mineração.
A empresa, dona de um
projeto de 20 milhões de toneladas de minério de ferro
na Bahia, tem como sócias a
ENRC, com origem no Cazaquistão, e a Zamin Ferrous,
da Índia.
Para atuar em mineração,
uma empresa deve ser constituída no Brasil, mas pode
ter capital 100% estrangeiro.
INTERESSE CHINÊS
Segundo o Ibram, Canadá,
China, Reino Unido e Austrália são os países que mais investem em mineração no
Brasil. O interesse chinês, no
entanto, é o que mais cresce.
"Os chineses estão vindo
com apetite, não só para firmar parcerias, mas também
para comprar direitos minerários no país", afirma Antonio Lannes, do Ibram.
Um exemplo é a compra
pela Wisco -terceira maior
siderúrgica chinesa- de 21%
da MMX, mineradora de Eike
Batista, no final de 2009. O
episódio também revela o esforço das siderúrgicas para
verticalizar a sua produção.
"As empresas já enxergam
a importância de terem ativos na forma de reservas de
minério", afirma Mathias
Heider, especialista em recursos minerais do DNPM.
Para as brasileiras, diz Heider, ter um parceiro internacional é uma forma de capitalização e de diluição de risco.
Desde 2006, as empresas
estrangeiras investiram cerca de R$ 13 bilhões em fusões
e aquisições no setor de minério de ferro, segundo cálculos do DNPM.
Em junho, a japonesa Sumitomo comprou 30% da
Usiminas Mineração, o que
possibilitará à empresa ampliar a sua produção.
Em maio, a Vale vendeu à
Norsk Hydro suas operações
de alumínio no Brasil, mas se
tornou sócia da terceira
maior fornecedora mundial
do insumo, ao receber 22%
do capital da norueguesa.
COMEÇANDO DO ZERO
O investimento em mineração não é uma iniciativa
apenas de grandes grupos.
Empresas estrangeiras com
origem no setor financeiro
também estão presentes.
A empresa canadense de
participações Forbes & Manhattan pretende captar cerca de US$ 180 milhões para
dar prosseguimento a projetos de potássio, fosfato e ouro
em diferentes regiões do
país, segundo o seu vice-presidente, Helio Diniz.
Já a brasileira Top Ventures Investimentos, especializada no setor, vai abrir um
escritório na China e espera
atrair mais investimentos,
segundo o presidente Tim
Chen. A empresa, que explora ouro em Paracatu (MG),
tem como parceiros chineses, canadenses e brasileiros.
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