São Paulo, sábado, 28 de agosto de 2010

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Estrangeiros têm 1/3 de projetos minerais

Empresas com capital estrangeiro investirão US$ 21 bi até 2014, segundo o Instituto Brasileiro de Mineração

Oferta apertada e preço alto das commodities estimulam os aportes; cresce interesse chinês pela atividade no Brasil

TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO

O Brasil cresce aos olhos do mundo no setor mineral. Dos US$ 62 bilhões que serão destinados ao setor até 2014, 33% -ou US$ 21 bilhões- terão como origem capital estrangeiro, segundo levantamento do Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração) feito a pedido da Folha.
Em um horizonte mais longo, até 2019, o DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral) prevê investimentos estrangeiros da ordem de US$ 33 bilhões.
A escassez de matérias-primas e o elevado patamar de preço das commodities estimulam os investimentos.
E a escolha do Brasil para receber os aportes é apoiada no elevado potencial de exploração mineral e na segurança institucional do país, quando comparado a outras nações com jazidas disponíveis, como as africanas.
"O Brasil tem uma localização estratégica, perto dos EUA e da Europa, e é um mercado conhecido da China, grande importadora", diz Clóvis Torres, vice-presidente da Bahia Mineração.
A empresa, dona de um projeto de 20 milhões de toneladas de minério de ferro na Bahia, tem como sócias a ENRC, com origem no Cazaquistão, e a Zamin Ferrous, da Índia.
Para atuar em mineração, uma empresa deve ser constituída no Brasil, mas pode ter capital 100% estrangeiro.

INTERESSE CHINÊS
Segundo o Ibram, Canadá, China, Reino Unido e Austrália são os países que mais investem em mineração no Brasil. O interesse chinês, no entanto, é o que mais cresce.
"Os chineses estão vindo com apetite, não só para firmar parcerias, mas também para comprar direitos minerários no país", afirma Antonio Lannes, do Ibram.
Um exemplo é a compra pela Wisco -terceira maior siderúrgica chinesa- de 21% da MMX, mineradora de Eike Batista, no final de 2009. O episódio também revela o esforço das siderúrgicas para verticalizar a sua produção.
"As empresas já enxergam a importância de terem ativos na forma de reservas de minério", afirma Mathias Heider, especialista em recursos minerais do DNPM.
Para as brasileiras, diz Heider, ter um parceiro internacional é uma forma de capitalização e de diluição de risco.
Desde 2006, as empresas estrangeiras investiram cerca de R$ 13 bilhões em fusões e aquisições no setor de minério de ferro, segundo cálculos do DNPM.
Em junho, a japonesa Sumitomo comprou 30% da Usiminas Mineração, o que possibilitará à empresa ampliar a sua produção.
Em maio, a Vale vendeu à Norsk Hydro suas operações de alumínio no Brasil, mas se tornou sócia da terceira maior fornecedora mundial do insumo, ao receber 22% do capital da norueguesa.

COMEÇANDO DO ZERO
O investimento em mineração não é uma iniciativa apenas de grandes grupos. Empresas estrangeiras com origem no setor financeiro também estão presentes.
A empresa canadense de participações Forbes & Manhattan pretende captar cerca de US$ 180 milhões para dar prosseguimento a projetos de potássio, fosfato e ouro em diferentes regiões do país, segundo o seu vice-presidente, Helio Diniz.
Já a brasileira Top Ventures Investimentos, especializada no setor, vai abrir um escritório na China e espera atrair mais investimentos, segundo o presidente Tim Chen. A empresa, que explora ouro em Paracatu (MG), tem como parceiros chineses, canadenses e brasileiros.


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