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Compras para obra da usina de Angra 3 custarão R$ 3,1 bi
Licitações serão direcionadas apenas ao mercado interno, para aquisição de equipamentos e serviços
Para Greenpeace, falta transparência a projeto de privatizar nucleares; Casa Civil nega que haja estudo nesse sentido
LEILA COIMBRA
SOFIA FERNANDES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo prepara um pacote de compras de R$ 3,1 bilhões em equipamentos e
serviços para a construção da
usina nuclear de Angra 3, localizada no Estado do Rio.
Não será uma licitação internacional, mas direcionada ao mercado interno, e terá
até 50 editais de concorrência. A principal licitação, no
valor de R$ 1,5 bilhão, é relativa à montagem eletromecânica da usina. O edital deverá
sair até o fim de setembro.
Andrade Gutierrez, Odebrecht, Techint e Ultratec já
demonstraram interesse na
disputa. Empresas que
atuam no segmento de petróleo e álcool (etanol) também
têm condições de prestar serviços para a área nuclear e se
interessaram. A Andrade Gutierrez já tem o contrato das
obras civis da usina.
Até o fim do ano, serão lançadas outras dezenas de editais para a compra de válvulas, bombas, tubulações e conectores, além da escolha da
empresa que irá inspecionar
o processo de montagem. O
valor global dos contratos é
de R$ 1,6 bilhão.
Luiz Manuel Messias, superintendente de gerenciamento de empreendimentos
da Eletronuclear, estatal responsável por Angra 3, disse
que todos os contratos antigos de fornecimento da usina, feitos na década de 1980,
foram renegociados.
Dentre eles, estão os firmados com as brasileiras Confab, Nuclebrás e a Empresa
Brasileira de Solda Elétrica
(EBSE), para a compra de
maquinário feito no país.
O acordo com a francesa
Areva -para equipamentos
importados com tecnologia
de que o Brasil não dispõe-
também foi revisto.
Recentemente, o Ministério Público Federal recomendou a paralisação das obras.
A Eletronuclear recorreu.
Angra 3 está orçada em
R$ 9 bilhões e as suas obras
tiveram início em abril. A
previsão é que fique pronta
em 2015 ou 2016.
PARTICIPAÇÃO PRIVADA
O governo planeja construir pelo menos outras quatro centrais nucleares até
2030 e, como a Folha informou ontem, estuda abrir a
concessão dessas usinas à
iniciativa privada, quebrando o monopólio estatal previsto na Constituição.
Em nota, a Casa Civil negou que o governo estude
privatizar a construção e a
operação de usinas nucleares. Segundo apuração da
Folha, o assunto está em discussão, embora ainda não
haja uma decisão.
O Ministério de Minas e
Energia limitou-se a informar, por meio de nota, que
está conduzindo, com a Eletronuclear e a EPE (Empresa
de Pesquisa Energética), estudos para identificação de
locais para a instalação de
novas usinas nucleares.
Para o coordenador da
campanha de energia nuclear do Greenpeace, André
Amaral, porém, faltam discussão pública e transparência no propósito do governo
de privatizar e acelerar o desenvolvimento de centrais
nucleares no país.
Essa energia, diz, não funciona como reserva. "Uma
vez ligada, você não a desliga. Ela não se configura como energia de emergência."
Amaral diz que falta seriedade na fiscalização do setor, uma vez que a CNEN (Comissão Nacional de Energia
Nuclear) é ao mesmo tempo
fiscalizadora e fomentadora.
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