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commodities
Carne bovina atinge preço recorde em SP
Produto subiu 2,86% ontem, com a arroba sendo negociada no Estado à média de R$ 110,70, segundo o Cepea
Consumidor já começa
a sentir no bolso a alta dos preços, que em setembro foi de 6,6%, segundo a Fipe
MAURO ZAFALON
DE SÃO PAULO
A carne bovina nunca esteve tão cara como neste
mês. A arroba de boi gordo já
supera R$ 110 no Estado de
São Paulo, empurrando para
cima também os preços pagos pelo atacado e pelos consumidores.
Os preços médios praticados no Estado de São Paulo
atingiram R$ 110,70 ontem,
conforme acompanhamento
do Cepea (Centro de Estudos
Avançados em Economia
Aplicada), da Esalq/USP.
É o maior valor real já registrado pela entidade. Os
preços da série histórica foram corrigidos pelo Índice
Geral de Preços da FGV.
A alta recorde do boi no
pasto puxou também o preço
pago pelos atacadistas na
Grande São Paulo. Os dados
do Cepea indicam que o quilo
da chamada "carcaça casada" -que inclui traseiro,
dianteiro e ponta de agulha-
está a R$ 6,40 neste mês,
também um valor recorde.
O preço praticado atualmente no atacado é superior
ao de 2008, quando o mundo
viveu ameaça de falta de alimentos, e os preços das commodities explodiram.
O consumidor já começa a
sentir no bolso a aceleração
dos preços da carne bovina.
A alta em setembro foi de
6,6%, segundo a Fipe.
A pressão maior deverá vir
a partir de novembro, quando esses aumentos recordes
pagos pelos atacadistas começarão a aparecer nos
açougues e supermercados.
CICLOS
Nesses patamares recordes de preços, parte dos consumidores começará a viver
a previsão do secretário de
Agricultura e da Pecuária da
Argentina, Lorenzo Basso, de
que "no futuro a carne vai ser
um produto de luxo".
A carne bovina vive ciclos
de alta e baixa. A alta atual
ocorre devido à forte redução
na oferta de gado para abate.
A redução, além de motivos pontuais, como a seca
atual, tem uma origem que
remonta a quatro anos.
Sem preços remuneradores, os pecuaristas foram
obrigados a abater as fêmeas
para cobrir os gastos.
A redução de fêmeas inibiu o crescimento do rebanho e a falta de boi reflete
agora. Além disso, o país vive
o período de entressafra.
Em geral, os confinamentos elevam a oferta de animais neste período do ano, o
que não ocorre atualmente
porque houve queda no número de cabeças confinadas.
Os confinamentos registraram forte elevação de custos em 2010, principalmente
devido à valorização do gado
adquirido para confinar.
No momento em que há redução de oferta, o consumo
interno ainda se mantém
aquecido devido à elevação
da renda. Além disso, passado o efeito da crise financeira
internacional, as exportações brasileiras voltaram a
crescer, principalmente para
os países emergentes. Esse
cenário ajuda a dar mais sustentação aos preços.
"A rentabilidade do setor é
melhor neste momento, mas
veio compensar prejuízos
dos pecuaristas em 2006/7,
quando a pecuária viveu os
piores momentos dos últimos 30 anos", segundo Luis
Adriano Teixeira, coordenador de Pecuária da Agropecuária CFM.
Teixeira diz que esse reajuste de preços é necessário,
ainda, porque os custos de
produção vêm subindo bem
acima da inflação.
Na avaliação de Teixeira, a
pressão nos preços da carne
pode continuar. A demanda,
tanto interna como externa,
está aquecida, e a oferta de
carne não se regularizará a
curto prazo.
Compensa mais para os
frigoríficos comercializar carne internamente do que externamente. Segundo ele, a
regularização da oferta de
carne no Brasil deverá ocorrer só por volta de 2013.
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