São Paulo, quinta-feira, 28 de outubro de 2010

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Com alta do minério, lucro da Vale sobe 253%, para R$ 10,6 bi

China, que já responde por 35% de toda a receita da mineradora brasileira, impulsiona resultado histórico

Novo modelo de reajuste favorece resultado; queda do dólar reduz dívida e influencia no balanço

PEDRO SOARES
DO RIO

No embalo da alta de quase 40% dos preços do minério de ferro e do aumento de produção, a Vale anunciou ontem o maior lucro de sua história: R$ 10,6 bilhões no terceiro trimestre deste ano, 59% a mais do que no período de abril a junho.
Na comparação com o terceiro trimestre de 2009 (R$ 6,6 bilhões), quando a empresa ainda sofria efeitos da crise, o lucro cresceu 253%.
Mais uma vez, a demanda bastante aquecida da China permitiu à Vale registrar um faturamento recorde no terceiro trimestre: R$ 26,4 bilhões, com alta de 39% ante o segundo trimestre e de 94% na comparação com o mesmo período de 2009. Sozinho, o país asiático respondeu por 35% da receita da mineradora.
"Como disse o Roger [Agnelli, presidente da empresa], eles têm de orar todos os dias pela China", disse Pedro Galdi, analista da SLW.
O país indiretamente também alavancou o resultado da mineradora. É que, após pressão das siderúrgicas chinesas, a Vale mudou neste ano seu regime anual de preços estabelecidos em contrato e passou a corrigi-los trimestralmente com base nas cotações do mercado "spot" (à vista e para entrega imediata) chinês.
A mineradora, que resistia inicialmente, só ganhou com a mudança. Segundo Galdi, analista do Banco do Brasil, o preço do minério dobrou desde a adoção da nova sistemática (de US$ 60 a tonelada para US$ 120) e não há sinais de arrefecimento.
Diante disso, o analista projeta lucro e faturamento ainda expressivos no quarto trimestre.
Os preços mais elevados asseguraram também um Ebitda (geração de caixa) recorde: R$ 15,9 bilhões, com alta de 52% ante o segundo trimestre e de 164% na comparação com o terceiro trimestre de 2009.
De quebra, a maior produção de minério de ferro -alta de 9% em relação ao segundo trimestre- também impulsionou os resultados da mineradora.
"O desempenho resultou da forte demanda por minerais e metais e de nossos esforços para aumentar a produção, mantendo custos sob controle."

CÂMBIO
Outro fator que impulsionou o lucro, segundo a Vale, foi o câmbio, que gerou um resultado positivo de R$ 343 milhões no terceiro trimestre. Isso porque a desvalorização do dólar, diz, reduziu o custo da dívida da companhia, atrelada à moeda norte-americana. A redução dos juros americanos, de acordo com a mineradora, também ajudou a controlar o endividamento.
Por outro lado, a Vale destacou o principal efeito negativo do câmbio: a alta dos custos de operação e dos investimentos da mineradora, majoritariamente realizados em real.
Segundo Antonio Emílio Ruiz, analista do Banco do Brasil, outro efeito negativo da alta do real foi a perda de receita das exportações, que foi, no entanto, "mais do que compensada pela alta do preço do minério de ferro".


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