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Com alta do minério, lucro da Vale sobe 253%, para R$ 10,6 bi
China, que já responde por 35% de toda a receita da
mineradora brasileira, impulsiona resultado histórico
Novo modelo de
reajuste favorece
resultado; queda do
dólar reduz dívida e
influencia no balanço
PEDRO SOARES
DO RIO
No embalo da alta de quase 40% dos preços do minério de ferro e do aumento de
produção, a Vale anunciou
ontem o maior lucro de sua
história: R$ 10,6 bilhões no
terceiro trimestre deste ano,
59% a mais do que no período de abril a junho.
Na comparação com o terceiro trimestre de 2009 (R$
6,6 bilhões), quando a empresa ainda sofria efeitos da
crise, o lucro cresceu 253%.
Mais uma vez, a demanda
bastante aquecida da China
permitiu à Vale registrar um
faturamento recorde no terceiro trimestre: R$ 26,4 bilhões, com alta de 39% ante o
segundo trimestre e de 94%
na comparação com o mesmo período de 2009. Sozinho, o país asiático respondeu por 35% da receita da mineradora.
"Como disse o Roger [Agnelli, presidente da empresa], eles têm de orar todos os
dias pela China", disse Pedro
Galdi, analista da SLW.
O país indiretamente também alavancou o resultado
da mineradora. É que, após
pressão das siderúrgicas chinesas, a Vale mudou neste
ano seu regime anual de preços estabelecidos em contrato e passou a corrigi-los trimestralmente com base nas
cotações do mercado "spot"
(à vista e para entrega imediata) chinês.
A mineradora, que resistia
inicialmente, só ganhou com
a mudança. Segundo Galdi,
analista do Banco do Brasil, o
preço do minério dobrou desde a adoção da nova sistemática (de US$ 60 a tonelada
para US$ 120) e não há sinais
de arrefecimento.
Diante disso, o analista
projeta lucro e faturamento
ainda expressivos no quarto
trimestre.
Os preços mais elevados
asseguraram também um
Ebitda (geração de caixa) recorde: R$ 15,9 bilhões, com
alta de 52% ante o segundo
trimestre e de 164% na comparação com o terceiro trimestre de 2009.
De quebra, a maior produção de minério de ferro -alta
de 9% em relação ao segundo trimestre- também impulsionou os resultados da
mineradora.
"O desempenho resultou
da forte demanda por minerais e metais e de nossos esforços para aumentar a produção, mantendo custos sob
controle."
CÂMBIO
Outro fator que impulsionou o lucro, segundo a Vale,
foi o câmbio, que gerou um
resultado positivo de R$ 343
milhões no terceiro trimestre.
Isso porque a desvalorização
do dólar, diz, reduziu o custo
da dívida da companhia,
atrelada à moeda norte-americana. A redução dos juros
americanos, de acordo com a
mineradora, também ajudou
a controlar o endividamento.
Por outro lado, a Vale destacou o principal efeito negativo do câmbio: a alta dos
custos de operação e dos investimentos da mineradora,
majoritariamente realizados
em real.
Segundo Antonio Emílio
Ruiz, analista do Banco do
Brasil, outro efeito negativo
da alta do real foi a perda de
receita das exportações, que
foi, no entanto, "mais do que
compensada pela alta do preço do minério de ferro".
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