São Paulo, domingo, 28 de novembro de 2010

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Infraestrutura afeta eficiência, diz TAM

Presidente do grupo afirma que falta de investimento em aeroportos gera atrasos e desconforto aos clientes

Para executivo, novo modelo de gestão dos aeroportos deverá contar com participação de capital privado

MARIANA BARBOSA
DE SÃO PAULO

A falta de investimento nos aeroportos deixa as empresas mais criativas -mas menos eficientes.
"Sem ter para onde crescer em São Paulo, estamos desenvolvendo novos centros de conexão, como no Rio e em Brasília, diz, em entrevista à Folha, Marco Antonio Bologna, presidente da TAM S.A, empresa que controla a TAM Linhas Aéreas, a Pantanal e o Multiplus.
"Mas as filas no passaporte ou no raio-x provocam atrasos em voos de conexão e também afetam o humor de funcionários e clientes."

 

Folha - Depois de anos à deriva, o setor aéreo é um dos maiores desafios do próximo governo. Que modelo de gestão o sr. gostaria de ver nos aeroportos?
Marco Antonio Bologna -
O atraso não começa no governo Lula. Quando Guarulhos foi criado, no tempo em que havia Ministério da Aeronáutica, o plano era inaugurar o terceiro terminal de passageiros e a segunda pista em 2005. Porém, desde o início dos anos 90, a atenção ficou voltada para os problemas de TransBrasil, Vasp e Varig e não para as potencialidades do setor.

A falta de investimento compromete o crescimento?
Ainda há espaço para crescer. Com a saturação dos aeroportos de São Paulo, o mercado usou da criatividade. Descentralizou "hubs" (centros de conexão) e também horários. Nós hoje temos voos do Rio direto para Miami, NY, Frankfurt, Londres e Paris. Estamos saindo de Brasília e Belo Horizonte pra Miami. Isso nos últimos dois anos e meio. E no mercado doméstico, com 100% de ocupação no horário de pico, começa a haver migração para outros horários de menor demanda.

Mas uma hora o espaço para a criatividade vai acabar. O setor não poderia estar crescendo ainda mais?
A limitação aeroportuária em São Paulo é uma barreira forte para novos entrantes. Mas o nosso plano de crescimento de frota não foi afetado. O estado da infraestrutura hoje prejudica a eficiência e o conforto. Muitas vezes temos que atrasar um voo para o exterior porque estamos esperando um passageiro que já fez check-in, mas que está parado na fila do passaporte.
Também temos poucas posições de raio-x. Basta viajar para fora que você nota a diferença. Isso também interfere no humor de nossos funcionários e clientes.

E qual é o melhor modelo de gestão de aeroportos?
Apoiamos qualquer modelo, desde que melhore a eficiência. Sabemos que, inexoravelmente, o capital privado vai ter que participar.
Uma coisa é certa, debaixo da Lei 8.666 (das licitações) a gente não chega lá. Para pintar uma faixa amarela na pista, atendendo todo o ritual, leva dez meses.

A TAM pretende investir em aeroportos?
Entraríamos até 10% para participar da governança do aeroporto. Mas esse não é o nosso negócio. Existe uma série de fundos de investimento com apetite grande para entrar nesse negócio, que implica altos volumes de investimento. É o caso do aeroporto de Caieiras, que acho que vai sair. Mas não adianta imaginar que vamos construir um monte de aeroportos privados. O governo vai ter de investir em mercados onde a iniciativa privada não vai entrar.

Como tornar a Infraero mais eficiente?
Uma das ideias, defendidas em um estudo encomendado pelo BNDES, é transformá-la em uma empresa de economia mista, de capital aberto. Mas para atrair capital ela vai precisar passar por uma reestruturação.

Os aeroportos estarão equipados em tempo para a Copa?
Vão ter de estar. Temos essa capacidade, e vamos dar um jeito, nem que seja de forma emergencial, com os MOP (Módulo Operacional Provisório). A Fórmula 1 é assim, durante o campeonato fica maravilhoso. Você vai lá hoje e não tem nada.

A Anac declarou que proibiu overbooking para este fim de ano para evitar o caos. Como está o overbooking na TAM?
O overbooking é permitido, mas, nessa época do ano, ainda mais com o mercado tão aquecido, não é praticado. Não estamos antevendo nenhum problema.

O setor cresce a um ritmo de quase 30% neste ano. Qual é a sua previsão para 2011?
O ano de 2010 foi surpreendente, com um movimento muito forte que tem a ver com crédito e renda. Estamos imaginando um crescimento de 12% para 2011.


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