Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Infraestrutura afeta eficiência, diz TAM
Presidente do grupo afirma que falta de investimento em aeroportos gera atrasos e desconforto aos clientes
Para executivo, novo modelo de gestão dos aeroportos deverá contar com participação de capital privado
MARIANA BARBOSA
DE SÃO PAULO
A falta de investimento
nos aeroportos deixa as empresas mais criativas -mas
menos eficientes.
"Sem ter para onde crescer
em São Paulo, estamos desenvolvendo novos centros
de conexão, como no Rio e
em Brasília, diz, em entrevista à Folha, Marco Antonio
Bologna, presidente da TAM
S.A, empresa que controla a
TAM Linhas Aéreas, a Pantanal e o Multiplus.
"Mas as filas no passaporte ou no raio-x provocam
atrasos em voos de conexão e
também afetam o humor de
funcionários e clientes."
Folha - Depois de anos à deriva, o setor aéreo é um dos
maiores desafios do próximo
governo. Que modelo de gestão o sr. gostaria de ver nos
aeroportos?
Marco Antonio Bologna - O
atraso não começa no governo Lula. Quando Guarulhos
foi criado, no tempo em que
havia Ministério da Aeronáutica, o plano era inaugurar o
terceiro terminal de passageiros e a segunda pista em
2005. Porém, desde o início
dos anos 90, a atenção ficou
voltada para os problemas de
TransBrasil, Vasp e Varig e
não para as potencialidades
do setor.
A falta de investimento compromete o crescimento?
Ainda há espaço para crescer. Com a saturação dos aeroportos de São Paulo, o mercado usou da criatividade.
Descentralizou "hubs" (centros de conexão) e também
horários. Nós hoje temos
voos do Rio direto para Miami, NY, Frankfurt, Londres e
Paris. Estamos saindo de Brasília e Belo Horizonte pra
Miami. Isso nos últimos dois
anos e meio. E no mercado
doméstico, com 100% de
ocupação no horário de pico,
começa a haver migração para outros horários de menor
demanda.
Mas uma hora o espaço para a
criatividade vai acabar. O setor não poderia estar crescendo ainda mais?
A limitação aeroportuária
em São Paulo é uma barreira
forte para novos entrantes.
Mas o nosso plano de crescimento de frota não foi afetado. O estado da infraestrutura hoje prejudica a eficiência
e o conforto. Muitas vezes temos que atrasar um voo para
o exterior porque estamos esperando um passageiro que
já fez check-in, mas que está
parado na fila do passaporte.
Também temos poucas posições de raio-x. Basta viajar
para fora que você nota a diferença. Isso também interfere no humor de nossos funcionários e clientes.
E qual é o melhor modelo de
gestão de aeroportos?
Apoiamos qualquer modelo, desde que melhore a eficiência. Sabemos que, inexoravelmente, o capital privado
vai ter que participar.
Uma coisa é certa, debaixo
da Lei 8.666 (das licitações) a
gente não chega lá. Para pintar uma faixa amarela na pista, atendendo todo o ritual,
leva dez meses.
A TAM pretende investir em
aeroportos?
Entraríamos até 10% para
participar da governança do
aeroporto. Mas esse não é o
nosso negócio. Existe uma
série de fundos de investimento com apetite grande
para entrar nesse negócio,
que implica altos volumes de
investimento. É o caso do aeroporto de Caieiras, que acho
que vai sair. Mas não adianta
imaginar que vamos construir um monte de aeroportos
privados. O governo vai ter
de investir em mercados onde a iniciativa privada não
vai entrar.
Como tornar a Infraero mais
eficiente?
Uma das ideias, defendidas em um estudo encomendado pelo BNDES, é transformá-la em uma empresa de
economia mista, de capital
aberto. Mas para atrair capital ela vai precisar passar por
uma reestruturação.
Os aeroportos estarão equipados em tempo para a Copa?
Vão ter de estar. Temos essa capacidade, e vamos dar
um jeito, nem que seja de forma emergencial, com os
MOP (Módulo Operacional
Provisório). A Fórmula 1 é assim, durante o campeonato
fica maravilhoso. Você vai lá
hoje e não tem nada.
A Anac declarou que proibiu
overbooking para este fim de
ano para evitar o caos. Como
está o overbooking na TAM?
O overbooking é permitido, mas, nessa época do ano,
ainda mais com o mercado
tão aquecido, não é praticado. Não estamos antevendo
nenhum problema.
O setor cresce a um ritmo de
quase 30% neste ano. Qual é a
sua previsão para 2011?
O ano de 2010 foi surpreendente, com um movimento muito forte que tem a
ver com crédito e renda. Estamos imaginando um crescimento de 12% para 2011.
Texto Anterior: Terceiro aeroporto de SP une aéreas e construtoras Próximo Texto: Raio-X: Bologna Índice | Comunicar Erros
|