São Paulo, sábado, 29 de janeiro de 2011

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Egito faz petróleo encostar em US$ 100

Tensão no Oriente gera alta de 10% em uma semana no preço do barril

Por instabilidade, Bolsas caem no mundo; valor é o mais alto desde setembro de 2008, com risco de mais inflação

ÁLVARO FAGUNDES
DE NOVA YORK

O recrudescimento das tensões no Oriente Médio, especialmente no Egito, fez o preço do barril encostar em US$ 100 pela primeira vez em mais de dois anos, realimentando as preocupações em relação às commodities e aos efeitos na inflação.
A cotação do barril do Brent, negociado na Bolsa de Londres, se valorizou em quase 2%, fechando em US$ 99,02 no final do pregão. A commodity está hoje quase 40% mais cara que em janeiro do ano passado e vale mais que o dobro que no mesmo período de 2009.
Desde setembro de 2008, o barril não atingia um valor tão alto na Bolsa de Londres.
Em Nova York, o petróleo também teve dia de alta. O barril subiu 4,2%, cotado a US$ 89,25.
O aumento no preço do barril mostra a preocupação dos investidores com os protestos no Egito, que podem se arrastar no final de semana.
Sem saber as consequências nos próximos dias, eles preferem optar por investimentos mais seguros, como petróleo e ouro.
Com isso, o Dow Jones, o principal índice da Bolsa de Nova York, caiu 1,39%.
No Brasil, a Bolsa de Valores de São Paulo recuou 1,99%, pior resultado em quatro meses, e retornou ao nível do início de setembro, aos 66.697 pontos. O dólar subiu 0,36%, para R$ 1,685.

Além disso, existe a preocupação em relação ao canal de Suez, no Egito, que é um dos principais pontos de passagem do petróleo produzido na região para seus consumidores no Ocidente.
O fechamento do canal faria com que os navios carregando petróleo tivessem que fazer uma volta muito maior, ao circum-navegar o sul da África, o que elevaria o valor do transporte -e do barril.
Apesar do aumento na cotação do barril -um movimento que começou há alguns meses, ainda que de maneira lenta-, a Opep (o cartel responsável por grande parte da produção mundial) descartou elevar o abastecimento global.
A elevação no preço de energia pode ter consequências desastrosas para a retomada da economia global, já que retira poder de compra dos consumidores, que precisam gastar mais com produtos como gasolina ou óleo para aquecer a casa.

INFLAÇÃO
O valor do petróleo ainda está distante do recorde da metade de 2008 (quando chegou a US$ 145 na Bolsa de Nova York), mas já começa a provocar temor de pressão inflacionária.
A preocupação é ainda maior sobre os efeitos que pode ter nos mercados emergentes, que vêm puxando a economia global, mas que em alguns casos (Brasil e China e Índia, por exemplo) estão tendo que tomar medidas para conter a alta de preços.
O Fed (o banco central americano) também demonstrou preocupação nesta semana com o aumento dos preços das commodities sobre a inflação, ainda que não no curto prazo.
E o Banco Central Europeu atribuiu à alta desses produtos o fato de a inflação na região ter ultrapassado a meta.
E não é só o petróleo que está disparando. Os preços dos alimentos atingiram valor recorde no mês passado, superando os níveis da crise de 2007/2008, segundo a FAO (órgão da ONU para a agricultura).
Para a entidade, o aumento ainda não é uma crise, mas é alarmante e os preços devem continuar subindo.


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