São Paulo, terça-feira, 29 de março de 2011

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Governo tem votos para tirar Agnelli do cargo

MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO

O governo conseguiu cooptar os principais acionistas da Vale e tem maioria folgada para tirar o executivo Roger Agnelli da presidência da maior empresa privada do país.
O grupo japonês Mitsui, que detém 15% das ações da controladora da Vale, decidiu acompanhar a posição do Bradesco, segundo a Folha apurou. O banco já decidiu que aceitará a saída do executivo que preside a Vale desde 2001.
Com isso, o governo terá praticamente a totalidade dos votos na próxima assembleia, que deve decidir pela saída do atual presidente. Uma assembleia geral está marcada para o dia 19 de abril.
A Valepar, que controla a Vale, tem a maioria das suas ações (58,1%) nas mãos de fundos de investimento administrados pelo Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil. A diretoria do fundo é indicada pelo governo.
A Bradespar, a holding do banco, tem 17,4%, e o BNDES, 9,5%. A única dúvida é sobre a posição do grupo Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas, dono de 0,02% das ações por meio da Elétron -o que é desprezível nessa votação.
Devem votar com o governo os donos de 99,98% das ações da Valepar. São necessários 75% dos votos do conselho para trocar a presidência da Vale.
O Bradesco decidiu entregar o cargo de Agnelli porque busca o apoio do governo para dois grandes negócios: quer continuar na operação do Banco Postal, cujo contrato expira no final do ano, e busca o apoio do Banco do Brasil para comprar uma seguradora de porte internacional.

CHOQUE
O governo da presidente Dilma Rousseff decidiu pressionar pela saída de Agnelli por considerar que ele é inábil politicamente e refuta sugestões oficiais.
Um dos atestados da inabilidade de Agnelli, na visão do governo, foi o vazamento da informação de que o Bradesco aceitara a sua saída e sua movimentação para que deputados do DEM aprovassem uma convocação do ministro Guido Mantega (Fazenda) para explicar por que ele queria tirar o executivo da Vale.
A avaliação é que o próprio Agnelli passou a informação a jornalistas para tentar desmontar a operação cujo fim seria a sua retirada da presidência. A presidente Dilma tem aversão àqueles que recorrem à imprensa para tentar manter suas posições.
O principal cotado para ocupar o cargo de Agnelli, segundo especulações que correm dentro da Vale e do governo, é Tito Martins, presidente da Inco Vale, a empresa de níquel que a Vale comprou no Canadá.
Uma das qualidades mais elogiadas de Martins é a sua habilidade política. Um exemplo citado foi a forma como conseguiu acabar com uma greve de mineiros no Canadá.


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