São Paulo, sexta-feira, 29 de abril de 2011

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Receita cobra R$ 15,5 bi da Petrobras

Tributos federais atrasados são discutidos na Justiça; estatal não fez reserva financeira para cobrir montante

Valor pode impactar resultado da empresa, que contesta valores; Petrobras já perdeu recurso de R$ 4,5 bi

MATHEUS LEITÃO
ANDREZA MATAIS
SHEILA D'AMORIM
DE BRASÍLIA

A Receita cobra dívidas de R$ 15,5 bilhões em tributos da Petrobras. Maior empresa do país, a estatal apresentou recursos na esfera administrativa para evitar o pagamento. O valor pode impactar o resultado da empresa nos próximos anos. Até agora, ela não fez reserva no balanço para cobrir o montante, caso perca o embate.
A Receita reclama da estatal o pagamento de tributos como Imposto de Renda, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido e Cide (contribuição cobrada sobre o consumo de combustíveis).
O órgão afirma que foram recolhidos valores abaixo dos devidos -e, em alguns casos, aponta que não houve recolhimento (caso da Cide).
A Folha apurou que, dos R$ 15,5 bilhões, R$ 11,35 bilhões são referentes ao não pagamento ou pagamento menor de IR e CSLL; R$ 3,3 bilhões, ao não recolhimento da Cide; e R$ 780 milhões, ao modo (classificação fiscal) usado pela empresa para pagamento de IPI.
A Petrobras confirma que foi acionada pela Receita, mas diz que fez os pagamentos conforme a lei e contesta os valores da cobrança no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais).
A estatal diz que não fez provisionamento porque "aplicou corretamente a legislação tributária" e que não considera que tenha dívidas.
A provisão corresponde a uma reserva para cobrir eventuais gastos. O dinheiro apartado é registrado como despesa, o que reduz o lucro. Em 2010, a Petrobras anunciou lucro de R$ 35,1 bilhões, o maior da sua história.
Tributaristas ouvidos pela Folha disseram que, em geral, empresas não provisionam os recursos quando consideram que vão reverter os autos de infração. Mas esse é um risco, já que a avaliação é probabilística, ou seja, não há como ter certeza.
No caso da Petrobras, porém, ela já perdeu em segunda instância do Carf disputa no valor de R$ 4,5 bilhões, sua maior multa tributária.
A Petrobras recorre à Câmara Superior de Recursos Fiscais. O caso se refere a IR sobre pagamento de remessas de aluguel de embarcações. Se tiver de pagar a multa, terá de fazê-lo no valor integral, mas poderá dividir.
Presidente do Carf até terça passada, Caio Marcos Cândido disse que não pode comentar os processos porque correm em sigilo. A Receita afirmou o mesmo.

HISTÓRICO
Em 2008, a Petrobras já havia se envolvido em polêmica com a Receita por causa da cobrança de tributos. A empresa mudou no meio do ano a forma como pagava imposto sobre os ganhos com a variação do dólar em relação a seus ativos no exterior, o que reduziu o valor pago.
Na época, a Receita discordou da alteração, o que criou uma crise no governo. No final, porém, prevaleceu o entendimento da Petrobras, que não foi multada.


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