São Paulo, sexta-feira, 29 de abril de 2011

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ANÁLISE

Presença do capital privado no setor aéreo é urgentemente necessária

ANDERSON RIBEIRO CORREIA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Diferentemente da maior parte dos países do mundo, no Brasil os principais aeroportos são administrados pelo governo federal, de forma centralizada, em Brasília.
A Infraero orgulha-se em dizer que é a maior administradora de aeroportos do mundo, em número de unidades aeroportuárias.
Todavia, isso em princípio não deveria representar vantagem, pois existe uma tendência internacional para descentralização e desestatização da infraestrutura aeroportuária.
É consenso entre os especialistas que o modelo atual da Infraero não atende os anseios de crescimento da aviação. Não é apenas porque a administração dos aeroportos vai mal, mas principalmente porque o modelo atual é arcaico, burocrático e ultrapassado.
Portanto, a presença do capital privado e mudanças na gestão da aviação civil brasileira são urgentemente necessárias.
Para decidir qual modelo devemos perseguir, é primeiro importante evitar as soluções que Argentina e Inglaterra adotaram, onde substituíram um monopólio estatal por um monopólio privado.
É necessário que haja competição entre os aeroportos e também várias empresas atuando, de forma que o governo consiga ter força para regular o setor e garantir tarifas moderadas, qualidade de serviço e segurança.
Outro ponto fundamental é que o governo pense não apenas nos aeroportos lucrativos, mas também nos aeroportos deficitários.
De nada adianta resolver o problema de meia dúzia de aeroportos e esquecer as dezenas de aeroportos restantes, caso contrário vamos criar um tremendo desequilíbrio em termos de qualidade aeroportuária, trazendo péssimos reflexos para indústria, comércio, turismo e desenvolvimento regional.
De qualquer forma, a melhor resposta para todas as questões aeroportuárias envolve clareza e transparência nas ações, mas, acima de tudo, decisões.
Postergar a decisão sobre o formato de concessões e a abertura de capital da Infraero pode levar o sistema aeroportuário a uma posição extremamente complicada e de difícil retorno.
A não ser que ações sejam iniciadas em um curto espaço de tempo, vamos caminhar em breve para um apagão aéreo, que todos desejariam apagar da memória.

ANDERSON RIBEIRO CORREIA é doutor em Engenharia de Transportes e ex-superintendente de Infraestrutura Aeroportuária da Anac.


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