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Aço deixa carro e geladeira mais caros
Aumento no preço do minério e economia aquecida provocam repasse de custos da indústria para o consumidor
Máquina de lavar sobe
6,2% até maio, também
sob efeito da volta do
IPI; custo da construção
civil aumenta 3%
PEDRO SOARES
DO RIO
O consumidor que pensa
em reformar a casa, equipá-la com eletrodomésticos ou
comprar um carro novo se
surpreendeu nos últimos meses com o aumento dos preços de material e serviços de
construção civil e de produtos fabricados com aço.
Tais reajustes ocorrem por
dois motivos: o aumento de
mais de 90% do minério de
ferro, insumo básico do aço;
e o aquecimento da economia -que permite repasses
mais altos de custo da indústria para o varejo.
De quebra, o fim da redução do IPI para automóveis e
eletrodomésticos de linha
branca também fez os preços
desses itens subirem.
O resultado, dizem economistas, é que esses aumentos
tornam ainda mais turvas as
perspectivas para a inflação
em 2010, cujas taxas já foram
contaminadas pelo choque
dos preços dos alimentos.
Segundo a FGV, os custos
de material, serviços e mão
de obra da construção civil
subiram 3%, em média, de
janeiro a maio. Tijolo, concreto, projetos de engenharia, cimento e condutores
elétricos estão entre as altas
de destaque.
O reajuste do minério já rebateu na indústria: Usiminas
e CSN anunciaram alta de
10% a 15% no preço do aço.
Segundo a FGV, os produtos siderúrgicos subiram
4,22% no atacado de janeiro
a maio. Para o consumidor,
subiram com força os preços
de geladeiras (3,98%), máquinas de lavar (6,18%) e automóveis novos (2,77%).
Nesses casos, o efeito do
fim do IPI reduzido prepondera, mas há também a pressão do custo do aço.
"Há espaço para aumentos da construção e do aço
porque existe demanda. O
perigo é que o crescimento
intenso poderá exigir uma
desaceleração [da economia
via juros] mais vigorosa para
que se contenha a inflação",
diz Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados.
Vale ressalta que, no caso
da construção, é evidente a
"inflação de demanda", com
mão de obra cara e escassa
num período em que o setor
cresce sob o impacto de programas de moradia e financiamentos mais baratos.
Os reajustes chamam mais
a atenção porque o setor foi o
único que obteve o benefício
da desoneração ou redução
de IPI estendido até o final
deste ano, apesar dos aumentos de preço.
Para Luiz Roberto Cunha,
economista da PUC-RJ, os
aumentos do aço e dos itens
da construção são dois "complicadores" do cenário já turbulento de inflação para este
ano. Ainda assim, o consumo
de ambos segue aquecido.
O peso maior do aço no
custo de produção está nos
bens duráveis (carros, eletrodomésticos, alguns tipos de
móveis) e na construção civil
-os metais para instalações
hidráulicas, por exemplo, subiram 2,20% no ano.
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