São Paulo, quinta-feira, 29 de setembro de 2011

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ANÁLISE COMPETIÇÃO

Amazon aposta na conquista dos 'sem-tablet'

Com produto a US$ 199, varejista indica que seu plano é conquistar um novo consumidor, e não roubar os da Apple

Justin Lane/Efe
O fundador e presidente da Amazon, Jeff Bezos, mostra novos tablets da empresa

PAULA LEITE
EDITORA-ASSISTENTE DE MERCADO

Com o anúncio de que a Amazon vai lançar seu tablet, o Kindle Fire, por US$ 199 nos Estados Unidos, alguns podem questionar a decisão da empresa de varejo de entrar em um mercado dominado com mão de ferro pela Apple.
A Amazon percebeu que existe um mercado não explorado pela Apple de gente que quer ter um tablet, mas não se dispõe a pagar US$ 499 -preço salgado até para os norte-americanos- por isso.
No Brasil, os preços a partir de R$ 1.649 do iPad 2 também garantem que o tablet não se popularizará tão cedo.
Praticamente sozinha no mercado, faz sentido para a Apple manter o preço nas alturas e margem de lucro alta.
O erro da maioria dos potenciais concorrentes do iPad -com possível exceção do Galaxy Tab- foi oferecer produtos piores em quase todos os aspectos (sistema operacional, número de apps, design, facilidade de uso) com preço próximo ao do iPad.
Para o consumidor, a conta de custo-benefício simplesmente não fechava. Quem tinha dinheiro comprava um iPad; quem não tinha, não comprava nenhum tablet.
Tudo indica que o plano da Amazon é conquistar esse consumidor atualmente sem tablet, e não tentar "roubar" atuais donos de iPad.
Para isso, a empresa de Jeff Bezos conta ainda com um outro trunfo, que é sua já consolidada loja de conteúdo multimídia. A Amazon vende livros, filmes (por assinatura, aluguel ou compra), aplicativos, música e jogos.
A interface do Kindle Fire foi customizada pela Amazon para que o conteúdo vendido por ela fique em destaque.

MESMO CAMINHO Nunca é demais lembrar que boa parte da força da Apple vem da integração dos aparelhos com a Apple Store, e a Amazon parece querer seguir o mesmo caminho.
A Amazon também treinou bem seus consumidores a comprar e sincronizar seus livros "na nuvem", ou seja, sem necessidade de ligar seus Kindles ao computador, coisa que a Apple exige de donos de iPads e iPhones.
Hoje, o dono de Kindle pode começar a ler um livro no aparelhinho, depois abrir o mesmo livro no iPad e seguir lendo da mesma página, com sincronização automática.
Se ele apaga o livro, este continua à disposição na nuvem, para ser baixado a qualquer momento. A mesma ideia valerá para os conteúdos digitais que o consumidor acesse no Kindle Fire.
A Apple, que sempre evita lançar ao público sistemas que possam apresentar problemas, pode não ter lançado um sistema similar por medo de falhas.
Mas a Amazon, que conta com poder de processamento próprio em milhares de servidores pelo mundo, deve ter avaliado que conseguiria oferecer a sincronização na nuvem sem soluços.


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