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Contas públicas voltam ao nível de 2009
Superavit primário ainda está longe da meta fixada pelo governo para este ano
DE BRASÍLIA
A economia do setor público para pagar os juros da dívida (superavit primário)
cresceu no primeiro semestre, mas ainda está longe da
meta do governo para o ano.
Os números divulgados
ontem pelo Banco Central refletem, principalmente, o forte aumento de gastos e investimentos de União, Estados,
municípios e estatais às vésperas do período eleitoral.
Nos seis primeiros meses
do ano foram economizados
R$ 40 bilhões, aumento de
14% em relação a 2009, ano
em que a crise piorou as contas públicas.
O número representa, no
entanto, menos da metade
do resultado de 2008, última
vez em que a meta foi cumprida sem o uso de artifícios
contábeis.
O resultado acumulado
em 12 meses piorou pelo segundo mês seguido e voltou
praticamente ao nível registrado no final do ano passado. Ficou em 2,07% do PIB,
abaixo da meta de 3,3% fixada pelo governo.
O aumento de gastos acima da ampliação das receitas
deu-se em todas as esferas.
Em junho, Estados e municípios ajudaram a garantir
80% do resultado positivo de
R$ 2,1 bilhões. Ainda assim,
foi a menor economia para
esse mês em sete anos.
No semestre, em compensação, os governos regionais
são os únicos que estão abaixo do verificado em 2009.
As empresas estatais das
três esferas, embora contribuam pouco para o resultado, são as que estão mais distantes da sua meta e fecharam junho com o maior deficit em três anos.
O chefe do Departamento
Econômico do BC, Altamir
Lopes, disse que houve aumento expressivo de gasto,
mas que são despesas ligadas a investimentos em todas
as esferas.
Relatório de crédito divulgado pela instituição na terça
mostrava aumento nos empréstimos a Estados e municípios por parte de bancos
públicos para investimentos.
Altamir disse ainda que o
aumento da arrecadação esperado pelo governo no segundo semestre e a queda
nos gastos por conta das restrições impostas pela legislação eleitoral devem ajudar a
melhorar os indicadores fiscais até o fim do ano.
O superavit primário não
foi suficiente para pagar os
juros acumulados no mês, o
que provocou aumento da dívida em termos nominais,
para R$ 1,39 trilhão. O principal indicador de endividamento, a relação dívida/PIB,
ficou estável em 41,4%, pois
os dois indicadores cresceram no mesmo ritmo.
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