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Resgate à Irlanda não consegue conter temor na Europa
Economistas duvidam que pior tenha passado, e crise começa a afetar mercado de títulos públicos italianos
ROBERT BUDDEN
DO "FINANCIAL TIMES"
O impacto positivo do pacote de resgate de € 85 bilhões da União Europeia à Irlanda se provou momentâneo, ontem, porque os investidores continuaram concentrados no risco de que a crise
de dívidas se espalhe a outros países, incluindo, pela
primeira vez, a Itália.
Em entrevista concedida
ao "Financial Times", Ajai
Chopra, do departamento
europeu do FMI, admitiu que
o Fundo falhou ao não ter
previsto antes a crise na Irlanda, mas defendeu a atuação da instituição.
"Temos de ter cuidado para não prever mais crises do
que as que vão mesmo se
concretizar", disse Chopra.
As notícias de que França e
Alemanha também haviam
fechado acordo sobre um novo mecanismo para enfrentar futuras crises na zona do
euro tampouco bastaram para persuadir comentaristas
econômicos de que a Europa
superou o pior da crise.
Falando em conferência
realizada em Praga, Nouriel
Roubini, professor de economia na Universidade de Nova
York, afirmou que seria necessário um resgate para Portugal e que os fundos oficiais
podem não ser suficientes
para resgatar a Espanha caso
o país necessite de apoio.
Os analistas afirmaram
que os detalhes do pacote de
resgate indicavam que os
membros mais linha-dura da
zona do euro, como a Alemanha, estavam se provando
mais relutantes em aprovar
resgates em larga escala.
A recepção desfavorável
ao resgate à Irlanda contrasta fortemente com a conquistada pelo anúncio do socorro
à Grécia, meses atrás, que
animou os mercados e causou queda nos rendimentos
dos títulos do governo grego.
A dívida da Irlanda, que na
manhã de ontem chegou a
exibir ligeira alta, recuou, e o
rendimento dos títulos irlandeses de dez anos subiu 12
pontos básicos, para 9%.
A preocupação quanto à
escala das dívidas nos chamados países periféricos começa a afetar também os
mercados de títulos públicos
italianos, depois de um leilão
que não conseguiu atrair forte demanda apesar da oferta
de rendimentos substancialmente mais elevados.
PRESSÃO SOBRE O EURO
Preocupações quanto ao
nível de captação do governo
e um alerta da Comissão Europeia de que o crescimento
entre os países da zona do
euro deve ser lento no ano
que vem mantiveram a pressão sobre o euro.
Diante do dólar, o euro
caiu por breve período a uma
mínima de US$ 1,3080, a
marca mais baixa em dois
meses para a moeda.
Os mercados de ações da
Europa fecharam em baixa.
O índice FTSE 100, da Bolsa
de Londres, caiu 1,5%, para
5.585 pontos.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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