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Com a crise, mais espanhóis migram

Segundo governo da Espanha, número de migrantes saltou 8,2% em 2011; América Latina é o principal destino

Brasil é o 3º país mais procurado na região; eventos internacionais e economia em alta são maiores chamarizes

DE SÃO PAULO

Esther Gómez Cerrada, 40, está há um mês no Brasil. Veio da Espanha tentar a vida no Rio de Janeiro.

"Ano passado eu estava na China, trabalhei na feira internacional 'Expo Xangai', este ano decidi vir para o Brasil por causa do bom momento econômico aqui e dos eventos que o país vai sediar", ela contou à Folha, por telefone.

Esther é produtora de eventos. Está de olho na Rio +20 (conferência da ONU sobre desenvolvimento sustentável), em junho de 2012 e nos preparativos para a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

Fala cinco línguas, mas o português ela ainda tem dificuldade de entender. Há alguns dias contratou aulas particulares do idioma.

Antes de se mudar para o Brasil tudo o que conhecia do país era Salvador.

"Se em dois meses eu não encontrar trabalho, volto à Espanha. É o tempo que consigo me manter com o dinheiro que economizei", explica.

Como Esther, cada vez mais espanhóis estão optando por migrar.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística da Espanha, saltou 8,2% o número de espanhóis vivendo no exterior, em 2011. São 1,7 milhão de pessoas. A grande maioria (1.049.465) morando na América Latina. Com idades entre 16 e 64 anos.

Argentina (345.866) e Venezuela (173.456) são os principais destinos de migração espanhola. Em seguida, aparece o Brasil (92.260), na frente do Chile (40.492).

CRISE

Especialistas avaliam que o prolongamento da crise econômica europeia pode intensificar esta tendência inversa de migração para países em desenvolvimento.

Rosita Milesi, diretora do Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH), com sede em Brasília, confirma o crescimento das migrações da Europa para a América Latina.

"Um estudioso do tema na Espanha me contou que está recebendo uma média diária de quatro pedidos de orientação por parte de espanhóis interessados em vir para o Brasil", disse à Folha.

Ela acrescenta, porém, que é precoce vislumbrar uma inversão de sentido migratório. "Mesmo que esses fluxos [para a América Latina] se percebam crescentes, é cedo para falar de uma tendência inversa, pois eles são ainda pequenos em relação aos fluxos sul-norte, que ocorrem há décadas", afirmou.

Para Milesi, o panorama migratório mundial está em transformação. "Novos quadros e fluxos se desenham. O Brasil é um ator importante e está sendo desafiado a confirmar sua prática de direitos humanos e de país acolhedor", completou.

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